Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - Tensões comerciais globais intensas provavelmente deverão obrigar alguns líderes financeiros de países do G20 que se reúnem no Japão neste final de semana a emitir alertas severos sobre os riscos para a economia mundial, pondo em xeque a perspectiva de crescimento global mais otimista do fórum.
Em um comunicado a ser divulgado após a reunião, os ministros das Finanças do G20 e os chefes dos bancos centrais devem confirmar a opinião de que a economia mundial vai acelerar até o ano que vem, disseram duas autoridades de países membros do G20.
Mas algumas autoridades podem estar menos otimistas com a perspectiva e assinalar riscos crescentes quando falarem nos bastidores do encontro, já que a guerra comercial acirrada do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China e o México está abalando os mercados e despertando temores de uma recessão global.
"Alguns meses atrás, havia um consenso amplo de que o crescimento global reagirá na segunda metade deste ano, como efeito das medidas de estímulo da China", disse uma terceira autoridade de uma delegação presente no G20.
"Em retrospecto, essa visão pode ter sido muito otimista".
A atividade industrial desacelerou nos EUA, Europa e Ásia no mês passado porque a intensificação da guerra comercial provocou o receio de uma retração econômica global.
Tais temores de uma recessão global levaram Austrália e Nova Zelândia a cortarem as taxas de juros, e várias autoridades do banco central dos EUA também insinuaram a possibilidade de cortes de juros.
"Uma recessão global não é nossa hipótese principal, mas os riscos estão aumentando", disse Hiroshi Shiraishi, economista sênior do BNP Paribas (PA:BNPP) Securities.
"O G20 abordará a incerteza contínua e afirmará que está pronto para agir se necessário. Mas, realisticamente, o que pode fazer?"
Trump disse que espera encontrar o presidente chinês, Xi Jinping, na cúpula, mas a China não quis confirmar.
O secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, vai se encontrar com o presidente do banco central da China, Yi Gang, em Fukuoka, a primeira reunião entre membros de alto escalão das equipes de negociação dos dois países desde que as conversas fracassaram um mês atrás.
Como anfitrião do G20 neste ano, o Japão sediará debates sobre maneiras de combater desequilíbrios através de uma abordagem multilateral na esperança de angariar apoio para repelir a exigência de Trump de solucionar os déficits comerciais dos EUA por meio de acordos bilaterais e tarifas.
(Reportagem adicional de Tetsushi Kajimoto, Yoshifumi Takemoto, Stanley White, Kaori Kaneko em Tóquio, Christian Kraemer em Berlim e David Lawder em Washington)