RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os resultados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad) de 2013, divulgados pelo IBGE na quinta-feira, continham erros importantes, informou nesta sexta-feira o órgão, gerando críticas da oposição e do próprio governo, em meio à acirrada campanha eleitoral.
Os erros ocorreram porque foi utilizada uma projeção de população incorreta em sete Estados que têm mais de uma região metropolitana, explicou o instituto vinculado ao Ministério do Planejamento.
Por conta da projeção errada da população nas regiões metropolitanas, dados sobre a renda dos brasileiros e sobre a concentração de renda no país estavam errados.
"Em vez de colocar a projeção de população correta se colocou errada. Não percebemos o erro", disse o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, em entrevista coletiva na sede do órgão.
O IBGE foi alertado para os erros pelo Ministério do Desenvolvimento Social, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e consultorias privadas, como a MCM Consultores.
O anúncio de que os resultados do Pnad continham erros gerou reação imediata de órgãos do governo e do candidato à Presidência da República, Aécio Neves, do oposicionista PSDB. Os dados da Pnad tinham sido um dos principais assuntos da campanha presidencial na véspera e foram comentados pelos três principais candidatos à presidência da República.
"É impressionante o dano que o governo federal vem causando às instituições do país", disse Aécio em nota. "Na ânsia de se manter no poder, o governo não hesita sequer em colocar em xeque instituições que são guardiãs da memória da sociedade brasileira." [nL1N0RK2R1]
O Ministério do Planejamento determinou a criação de sindicância para apurar as razões dos erros e eventual "responsabilidade funcional, que caso se verifique poderá implicar em medidas disciplinares". Além disso, determinou a criação de uma comissão de especialistas independentes para avaliar a consistência da Pnad.
A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, rechaçou qualquer insinuação de que os dados foram manipulados com objetivos políticos.
"Todo trabalho está sujeito a erro... não adianta fazer caça às bruxas. Se fez com intenção de alguma coisa vamos ver o que fazer... o objetivo é fazer processos que minimizem esse risco" disse a presidente do órgão.
O diretor de pesquisas do IBGE, Roberto Olinto, disse que o erro foi pontual, e não pode comprometer a credibilidade do instituto.
"Temos muitos anos de trabalho; isso é um erro pontual e credibilidade se constrói ao longo dos anos; temos uns 30 ou 40 anos de transparência e credibilidade... dessa vez informamos que erramos", destacou o diretor.
RENDA
O erro sobre a população nas regiões metropolitanas, gerou dados incorretos sobre renda, entre outros.
O índice de Gini que mede a concentração de renda, por exemplo, calculado pela renda domicilar recuou em 2013 para 0,497 ante 0,499 em 2012. Na quinta-feira, o IBGE tinha informado que o índice tinha subido para 0,500. Pelos critérios do indicador, quanto mais perto de zero menor é a desigualdade de um país. [nL1N0RI23B]
"Houve uma desconcentração, reduziu a desigualdade", disse Cimar Azeredo.
(Por Rodrigo Viga Gaier)