Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A indústria da construção deve voltar a crescer em 2018 após três anos consecutivos de retração, mas não o suficiente para impedir mais demissões no setor, informou nesta quinta-feira o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP).
A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) da construção aumente 2 por cento no ano que vem, amparado nas obras de infraestrutura e das unidades contratadas no âmbito do Minha Casa Minha Vida (MCMV), mostrou pesquisa do SindusCon-SP em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
"O desempenho da indústria não será excepcional... A melhora que esperávamos para este ano acontecerá em 2018", afirmou Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da FGV-IBRE.
De acordo com ela, a retomada nas contratações ainda não é esperada para 2018 e o nível de emprego no setor deve cair 4 por cento no próximo ano. "Ainda vão haver demissões, mas sairemos da taxa de dois dígitos", disse.
A reforma trabalhista deve contribuir para a desaceleração dos cortes, acrescentou o vice-presidente do SindusCon-SP, Eduardo May Zaidan. "Flexibilizar os contratos de trabalho melhora a questão da empregabilidade...Vemos como muito bem-vinda essa reforma", afirmou.
Em outubro, o número de trabalhadores da indústria de construção chegava a 2,456 milhões, apontou o levantamento com base em informações do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE). Em 12 meses, foram fechados 192 mil postos de trabalho e mais demissões são esperadas até o fim do ano, informou o SindusCon-SP.
O setor deve encerrar 2017 com uma queda de 6,4 por cento no PIB, bem aquém da estimativa divulgada no início do ano, de alta de 0,5 por cento, acrescentou a entidade.
PÓS E CONTRAS PARA 2018
Mais contratações do MCMV nos últimos meses deste ano devem contribuir positivamente com o resultado da indústria em 2018, especialmente no primeiro semestre, assim como os investimentos em infraestrutura.
As projeções para o próximo ano também levam em conta a tendência de ampliação do crédito imobiliário por agentes financeiros, tendo em vista aspectos macroeconômicos favoráveis, como a inflação baixa e a queda no juro real.
O SindusCon-SP ponderou, contudo, que a perspectiva traçada para 2018 estará sujeita às incertezas políticas acentuadas pelo processo eleitoral e à situação fiscal ainda preocupante no país.
"O quadro político ganhará mais relevância e deve ter grande influência sobre as decisões de investimento, especialmente a partir do segundo semestre", explicou Ana Maria.
Outro fator que deixará participantes do setor em alerta é a tentativa da Caixa Econômica Federal de se adequar ao índice de Basileia, completou o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto.
"A informação que temos é de que a Caixa não tem problema de recursos... É difícil imaginar que a Caixa vá parar em ano eleitoral, mas alguns empresários estão tensos em relação a isso", afirmou Ferraz Neto.