DUBAI (Reuters) - O Irã exigiu um pedido de desculpas da Arábia Saudita neste domingo pelas mortes de 769 pessoas na peregrinação do Haj, acusando o país de tentar se evadir da culpa, enquanto Riad acusa o governo de Teerã de tentar tirar proveito político de um desastre.
Pelo menos 155 peregrinos iranianos morreram no tumulto da última quinta-feira nos arredores de Meca, e outros 300 iranianos ainda estão desaparecidos. Autoridades do Irã dizem suspeitar que, três dias após o incidente, muitos dos desaparecidos estejam mortos.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que os países muçulmanos devem exigir que a Arábia Saudita responda pelas mortes. O reino se apresenta como o guardião da ortodoxia islâmica e tem a custódia dos lugares mais sagrados para a religião: Meca e Medina.
"Em vez de culpar isso ou aquilo, os sauditas deveriam aceitar a responsabilidade e pedir perdão aos muçulmanos e às vítimas das famílias", disse Khamenei segundo seu website.
"O mundo islâmico tem muitas perguntas. A morte de mais de mil pessoas não é um problema pequeno. Os países muçulmanos deveriam voltar suas atenções para isso", disse Khamenei.
Outras autoridades iranianas alegam que o número de mortos é de mais de mil pessoas. Khamenei ordenou que os corpos de vítimas iranianas sejam sepultados em cemitérios de mártires.
Parlamentares iranianos culparam a Arábia Saudita por sua "má administração e incompetência".
A tragédia da última quinta-feira, a pior a acontecer durante a peregrinação em 25 anos, ocorreu quando dois grandes grupos de peregrinos se encontraram em uma encruzilhada em Mina, a alguns quilômetros ao leste de Meca, a caminho do ritual de "apedrejamento do demônio" em Jamarat.
Um médico saudita em um hospital perto de Meca disse suspeitar que mais de mil pessoas haviam morrido, mas alertou que se tratava apenas de uma impressão pessoal. Ele afirmou que muitos morreram devido ao calor e desidratação por ficarem horas ao sol após terem sido pisoteados no tumulto.
(Por Bozorgmehr Sharafedin)