Por Sam Wilkin e Angus McDowall
DUBAI/RIAD (Reuters) - Manifestantes iranianos invadiram a embaixada da Arábia Saudita em Teerã no início deste domingo, e um dos principais líderes muçulmanos xiitas do Irã previu uma "vingança divina" por conta da execução de um proeminente clérigo xiita pela Arábia Saudita.
O discurso duro vindo de Teerã também foi adotado por aliados xiitas do Irã na região, com Sayyed Hassan Nasrallah, líder da milícia libanesa Hezbollah, descrevendo a execução como "uma mensagem de sangue". Moqtada al-Sadr, um clérigo xiita iraquiano, fez um chamado por protestos indignados.
As diferenças entre o revolucionário, majoritariamente xiita, Irã e o conservador reino sunita da Arábia Saudita são há anos intensas, uma vez que eles apoiam forças divergentes em guerras e conflitos políticos no Oriente Médio, e costumam ter tendências sectárias.
No entanto, a execução no sábado do clérigo cuja morte o Irã havia advertido iria "custar caro à Arábia Saudita" e a invasão da embaixada do reino em Teerã aumentaram as tensões.
Manifestantes protestando contra a execução do xeque Nimr al-Nimr invadiram a embaixadas, quebraram móveis e iniciaram focos de fogo antes de serem expulsos pela polícia.
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, condenou a execução como "desumana", mas também cobrou processo judicial contra "indivíduos extremistas" pelo ataque à embaixada e ao consulado saudita em Mashhad, cidade no nordeste do país, segundo a imprensa oficial.
O chefe da polícia de Teerã afirmou que um número não especificado de "elementos desordeiros" foi preso pelo ataque à embaixada com coquetéis Molotov e pedras. Um promotor afirmou que 40 pessoas foram detidas.
A Guarda Revolucionária do Irã havia prometido uma "vingança dura" contra a dinastia sunita saudita pela execução de Nimr, considerado um terrorista em Riad, mas tido no Irã como um herói dos direitos da minoria xiita marginalizada na Arábia Saudita.
No entanto, os ministros do Exterior saudita e iraniano disseram à Áustria que eles não têm interesse em aumentar ainda mais as tensões entre eles, disse um porta-voz de Sebastian Kurz, ministro do Exterior austríaco.
(Reportagem adicional de Sami Aboudi, Sam Wilkin, Noah Browning, Omar Fahmy, Katie Paul, redação de Dubai, Michel Rose em Paris, Stephen Kalin em Bagdá, Laila Bassam em Beirute e Hamdi Istanbullu em Istambul; redação de Kevin Liffey; edição de Paul Tait e Dominic Evans)