TÓQUIO (Reuters) - O governo japonês deve reduzir suas estimativas para o Produto Interno Bruto e para a inflação no médio e longo prazos em seu relatório de previsões a ser divulgado em janeiro, para refletir um cenário mais realista de crescimento econômico, disseram fontes governamentais à Reuters.
O governo projeta atualmente um crescimento econômico nominal de até 3,9 por cento para o ano fiscal que termina em março de 2021, ante 1,1 por cento no último ano fiscal. A estimativa da inflação anual ao consumidor deve se manter em torno de 2,0 por cento no ano fiscal até 2021.
Mas um número crescente de autoridades vê esses níveis como difíceis de serem alcançados e a previsão de inflação ao consumidor deve ser reduzida para 1,5 por cento, disseram as fontes sob condição de anonimato porque o relatório ainda não é público.
Isso entra em conflito com a meta de inflação ao consumidor do banco central do Japão de cerca de 2,0 por cento em torno do ano fiscal de 2019, que o Banco do Japão tem tido dificuldades para alcançar apesar dos mais de quatro anos de estímulo maciço.
Em setembro, o núcleo do índice de preços ao consumidor avançou 0,7 por cento ante o mesmo período do ano passado.
Ao considerar um corte na estimativa do PIB, as autoridades do governo também estão preocupadas que as projeções de crescimento excessivamente otimistas possam levar a um agravamento das finanças do Japão.
Isso porque os orçamentos se baseiam nessas estimativas otimistas, mas não haveria receita tributária suficiente se esse crescimento não se concretizar, disseram as fontes.
A reforma fiscal é uma questão de urgência no Japão, que tem a maior a dívida industrial do mundo, com uma dívida pública que é mais do que o dobro do tamanho da economia.
Mas o primeiro-ministro, Shinzo Abe, decidiu adiar a promessa do governo de equilibrar o orçamento primário até o final de março de 2021 e, em vez disso, priorizar os gastos com educação e assistência à infância, após sua vitória eleitoral no mês passado.
(Por Izumi Nakagawa)