PORTO ALEGRE (Reuters) - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta-feira que o presidente Michel Temer tomará a "decisão adequada" sobre eventual reforma ministerial, mas acrescentou que nunca conversou com ele sobre o assunto.
"O presidente está olhando essa questão de reforma de ministério e tomará a decisão adequada", afirmou Meirelles a jornalistas ao ser perguntado se uma reforma ministerial ajudaria na aprovação da reforma da Previdência no Congresso Nacional.
"Eu nunca conversei com ele (Temer) sobre isso, não é minha área. O que eu vi sobre isso sei do jornais", acrescentou ele, após participar do segundo evento em Porto Alegre (RS) nesta sexta-feira.
Lideranças políticas têm dito que uma reorganização dos cargos de primeiro escalão na Esplanada deverá ser crucial para garantir o apoio da base aliada à reforma da Previdência. Para ser aprovado, o texto precisa do voto de três quintos dos parlamentares numa votação em dois turnos, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.
Após a agência de classificação de risco Fitch ter citado dificuldades de aprovação da reforma ao manter nesta sexta-feira o rating soberano brasileiro em "BB", com perspectiva negativa, Meirelles avaliou que não havia como a mudança ter sido para melhor uma vez que o texto ainda está em discussão no Congresso.
O ministro afirmou ainda que, uma vez aprovadas novas regras para concessão das aposentadorias, as agências de rating farão suas revisões do rating soberano.
PRAZO E ELEIÇÕES
Meirelles disse acreditar em "grande possibilidade" do texto da Previdência ser votado ainda neste ano, pelo menos na Câmara.
Mais cedo, o ministro havia repetido que a reforma da Previdência precisa manter benefícios fiscais "substancialmente" acima de 50 por cento daquilo que foi originalmente proposto pelo governo, quando o cálculo era de uma economia de 800 bilhões de reais em 10 anos.
O governo montou uma verdadeira força-tarefa nesta semana para mostrar empenho em aprovar ao menos pontos da reforma da Previdência no Congresso.
A nova proposta de reforma apresentada na véspera vai manter a idade mínima, regra de transição até 2037 e equiparação entre o regime dos servidores e o regime geral da Previdência, e irá retirar a incidência da Desvinculação das Receitas da União (DRU) das receitas previdenciárias.
Ao ser questionado sobre eventual candidatura à Presidência, o ministro voltou a afirmar que estava "100 por cento" concentrado na economia e que a recuperação da atividade "exige foco integral".
Meirelles afirmou que não há nenhuma decisão tomada ainda e que haverá um momento no próximo ano "juridicamente e politicamente adequado" para tanto. Aqueles que ocupam cargo no Executivo têm até 31 de março para deixar o posto caso queiram concorrer a um cargo eletivo.
Filiado ao PSD, o ministro tem se articulado nos bastidores para concorrer às eleições presidenciais do próximo ano, contando inclusive com uma equipe para monitorar sua estratégia de comunicação em meio à recuperação da economia.
(Reportagem de Sinara Sandri) 2017-11-10T205548Z_1_LYNXMPEDA91XL_RTROPTP_1_MACRO-MEIRELLES-RS.JPG