PARIS (Reuters) - Magistrados franceses colocaram a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, sob investigação formal por negligência em um caso de fraude política datado de 2008, quando ela era ministra das Finanças, disse o advogado de Lagarde nesta quarta-feira.
O advogado Yves Repiquet disse à Reuters que Lagarde, que nesta semana foi interrogada por magistrados em Paris pela quarta vez sob seu status atual de testemunha na longa saga, declarou que a medida é infundada.
"Estamos entrando com um recurso contra isso", disse Repiquet por telefone, acrescentando que Lagarde, que deveria retornar à sede do FMI em Washington ainda nesta quarta-feira, não tem planos de renunciar ao cargo.
Sob as leis francesas, magistrados colocam alguém sob investigação formal quando acreditam que há indícios de irregularidades, mas isso nem sempre leva a um julgamento.
O inquérito está relacionado a alegações de que o magnata Bernard Tapie, defensor do conservador ex-presidente Nicolas Sarkozy, recebeu inapropriadamente 403 milhões de euros em uma arbitragem para resolver uma disputa com o estatal Crédit Lyonnais, que já não existe mais.
O inquérito já envolveu diversos membros do gabinete de Sarkozy e o presidente-executivo da France Telecom, Stéphane Richard, que foi assessor de Lagarde quando ela era ministra das Finanças de Sarkozy.
Nas rodadas anteriores de interrogatórios, Lagarde acusou Richard de ter usado sua assinatura pré-impressa para assinar um documento que facilitava o pagamento, de acordo com a mídia local. No entanto, Richard disse que Lagarde estava totalmente a par do assunto.
Investigadores estão tentando determinar se as conexões políticas de Tapie tiveram papel na decisão do governo de recorrer à arbitragem que deu a ele um grande pagamento.
O crime de negligência por uma pessoa com responsabilidade pública na França traz uma pena máxima de um ano de prisão e multa de 15 mil euros.
Lagarde é diretora-gerente do FMI desde julho de 2011.
(Por Chine Labbe)