Queda de alimentos acelera e IPCA sobe menos que o esperado em julho apesar de energia elétrica
Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas operam no positivo nesta terça-feira, enquanto os mercados se preparam para uma sessão movimentada em Wall Street, com destaque para balanços de grandes bancos e novos dados sobre inflação. A expectativa é que as instituições financeiras dos EUA apresentem resultados mais robustos, refletindo um ambiente macroeconômico ainda resistente.
Ao mesmo tempo, o índice de preços ao consumidor dos EUA pode indicar aceleração em junho.
Na China, o PIB do segundo trimestre superou levemente as projeções.
Aqui no Brasil, a Procuradoria-Geral da República pede condenação do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de estado.
1. Procuradoria pede condenação de Bolsonaro
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras sete pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022.
A manifestação foi apresentada na fase final da ação penal que investiga o núcleo central do caso, cuja tramitação teve início com a denúncia da PGR em fevereiro e passou pela fase de instrução entre abril e junho.
Além de Bolsonaro, respondem ao processo figuras como o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, e o general Braga Netto. Os acusados enfrentam cinco crimes, incluindo tentativa de golpe, abolição violenta do Estado democrático de Direito e participação em organização criminosa armada.
Após a apresentação das alegações finais pelas defesas, o caso será submetido a julgamento pela 1ª Turma do STF no segundo semestre de 2025.
O pedido de condenação ocorre após o subsecretário de Diplomacia Pública dos EUA, Darren Beattie, afirmar que a sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump a todos os produtos brasileiros tem motivação política e representa uma resposta aos ataques do ministro Alexandre de Moraes e do presidente Lula ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A declaração foi publicada no X e replicada pela embaixada americana no Brasil, reforçando o tom oficial da retaliação. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, reagiu em defesa da autonomia do Judiciário.
O imposto entra em vigor em 1º de agosto, e o governo brasileiro tenta negociar sua suspensão por meio de um comitê liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
2. Futuros sobem em Nova York
Os índices futuros dos EUA registravam variações discretas nesta manhã, com os investidores monitorando a divulgação dos lucros trimestrais de grandes instituições financeiras e os dados atualizados da inflação americana.
Às 07h35 de Brasília, os contratos futuros do Dow Jones operavam praticamente estáveis; os futuros do S&P 500 avançavam 16 pontos, ou 0,3%; e os do Nasdaq 100 subiam 99 pontos, ou 0,4%.
Na sessão anterior, os principais índices de Wall Street fecharam em alta, impulsionados por notícias ligadas ao setor de inteligência artificial, que ajudaram a amenizar os temores em torno de novas tarifas dos EUA contra Europa e México. Entre os destaques, uma publicação do CEO da Meta Platforms, Mark Zuckerberg, indicou que a companhia planeja investir "centenas de bilhões" de dólares em capacidade computacional voltada à IA. Além disso, a Bloomberg noticiou que o presidente Donald Trump deve anunciar um programa de US$ 70 bilhões com foco em inteligência artificial e energia.
Os mercados agora voltam suas atenções para a temporada de balanços, que deve oferecer pistas sobre as expectativas das empresas para seus resultados futuros, em meio ao agravamento das tensões comerciais globais. Segundo a Vital Knowledge, os números iniciais de empresas como Delta Air Lines e Levi Strauss foram avaliados como "positivos", embora quatro companhias químicas europeias tenham revisado suas projeções para baixo.
3. Balanços do setor bancário em destaque
O foco dos investidores se volta agora para os grandes bancos americanos, que divulgarão seus resultados antes da abertura dos mercados.
Entre os destaques do dia estão JPMorgan Chase, Citigroup, Wells Fargo e a gestora de ativos BlackRock.
Essas instituições, tradicionalmente responsáveis por abrir a temporada de resultados nos EUA, são vistas como indicadoras relevantes das condições gerais do ambiente de negócios. A expectativa é de que apresentem desempenho positivo, sustentado por forte atividade nas mesas de negociação e leve retomada no segmento de banco de investimento.
De acordo com estimativas compiladas pela Reuters, os principais bancos devem reportar crescimento de receita líquida de juros (NII) entre um dígito baixo e médio. O NII é uma métrica-chave que mede a diferença entre o que o banco recebe pelos empréstimos e o que paga aos depositantes.
Os dados referentes ao segundo trimestre de 2025 indicam que a economia americana manteve resiliência, mesmo diante de pressões como a política tarifária agressiva de Trump e um breve episódio de instabilidade no Oriente Médio. A inflação seguiu sob controle e a demanda por mão de obra se manteve estável. Ainda assim, analistas alertam que a implementação de novas tarifas recíprocas a partir de agosto pode alterar esse cenário.
4. Expectativa para inflação nos EUA
Além dos resultados corporativos, os investidores acompanham hoje a divulgação de novos dados de inflação nos EUA.
A expectativa é de que o índice de preços ao consumidor (IPC) avance 2,6% no acumulado de 12 meses até junho, uma aceleração em relação aos 2,4% registrados em maio. Na comparação mensal, a projeção é de 0,3%, frente aos 0,1% do mês anterior.
O chamado núcleo do IPC, que desconsidera itens mais voláteis como alimentos e energia, deve apresentar alta de 3,0% em 12 meses e 0,3% em relação a maio.
Em relatório, analistas do ING afirmaram que os mercados ainda não demonstram reação expressiva à nova escalada da guerra comercial liderada por Trump, o que indicaria uma postura de cautela diante da incerteza tarifária.
Segundo os analistas, o foco estará em entender como as recentes medidas comerciais podem afetar variáveis econômicas mais estruturais. Eles alertaram, contudo, que a leitura dos dados pode ser distorcida pelo movimento de antecipação de pedidos por parte das empresas, ocorrido antes da entrada em vigor das tarifas do chamado "Dia da Libertação", anunciado por Trump em abril.
5. Economia da China mostra força
A economia chinesa demonstrou capacidade de resistência no primeiro semestre de 2025, mantendo a meta oficial de crescimento anual mesmo sob o impacto das tarifas dos EUA.
Dados divulgados nesta terça-feira mostraram que o Produto Interno Bruto do país cresceu 5,2% no segundo trimestre, superando a projeção de 5,1%, embora abaixo dos 5,4% registrados nos três meses anteriores. Na variação trimestral, o PIB subiu 1,1%, acima da estimativa de 0,9%.
Com esse resultado, o crescimento acumulado da China no primeiro semestre de 2025 atingiu 5,3%, alinhado às expectativas e acima da meta anual estabelecida por Pequim, de 5%.
Apesar do recrudescimento das tensões comerciais, o impacto econômico das tarifas americanas foi limitado, já que a elevação das taxas durou apenas um mês antes de Washington e Pequim firmarem um acordo de desescalada em meados de maio. Essa trégua permitiu que as exportações chinesas registrassem bom desempenho em maio e junho, com destaque para a demanda firme de regiões como Europa e Índia.
Em junho, os dois países concordaram em dar continuidade ao processo de distensão comercial.
Ainda assim, analistas seguem cautelosos com a atividade econômica chinesa, diante da demanda doméstica enfraquecida e da crise prolongada no setor imobiliário, que pode obrigar o governo a adotar novos estímulos.