(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista que foi ao ar na noite de domingo que vencerá o mercado financeiro mais vez e cobrou participação dos Poderes Legislativo e Judiciário nas medidas de contenção de gastos para ajustar as contas públicas do país.
Em entrevista à RedeTV!, Lula disparou contra o mercado financeiro, afirmando que seus agentes atuam com "gana especulativa" e "com uma certa hipocrisia".
"Eu vejo o mercado falar bobagem todo o dia. Sabe, eu não acredito nisso não, porque eu venci eles uma vez e vou vencer outra vez. A economia vai dar certo porque o povo está participando do crescimento desse país", afirmou Lula na entrevista, na qual não quis adiantar medidas de contenção de gastos que vêm sendo discutidas nas últimas semanas dentro do governo e cujo anúncio vem sendo aguardado com grande ansiedade pelo mercado financeiro.
"Eu não posso adiantar porque a gente ainda não concluiu o pacote. Eu estou num processo de discussão muito sério com o governo, porque eu conheço bem o discurso do mercado, conheço a gana especulativa do mercado e eu às vezes acho que o mercado age com uma certa hipocrisia", disparou o presidente.
Lula disse ainda que o custo do ajuste nas contas não pode recair sobre as pessoas mais necessitadas e questionou se parlamentares estariam dispostos a cortar os recursos de suas emendas ao Orçamento para contribuir com o ajuste fiscal.
O presidente falou também em "excessos" do Judiciário ao defender que o esforço para equilibrar as contas precisa ser dos Três Poderes.
"Nós não podemos mais jogar, toda vez que você tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas. Eu quero saber o seguinte, se eu fizer um corte de gastos pra diminuir a capacidade de investimento do orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir?", questionou.
"É uma responsabilidade do Poder Executivo, é uma responsabilidade do Poder Judiciário. Eu quero saber se também estão dispostos a abdicar daquilo que é excessivo, eu quero saber se o Congresso está disposto também a fazer o corte de gastos. Porque aí fica uma parceria, um cumplicidade para que todo mundo faça o sacrifício necessário para a gente colocar a economia em ordem."
(Por Luana Maria Benedito e Eduardo Simões)