Por Alexandra Alper e Noe Torres
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Autoridades mexicanas expressaram "preocupação e irritação" com as políticas dos Estados Unidos durante visita, nesta quinta-feira, de dois importantes enviados do presidente Donald Trump, que, por sua vez, procuraram esfriar os ânimos depois de semanas de tensão entre os países vizinhos.
"Existe entre os mexicanos preocupação e irritação sobre o que são vistas como políticas que podem ser prejudiciais para o interesse nacional e para os mexicanos aqui e no exterior", disse o ministro de Relações Exteriores, Luis Videgaray em entrevista coletiva.
As declarações foram dadas após conversações na capital mexicana com o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, e o chefe da Segurança Interna, John Kelly.
Olhando com cara de poucos amigos estando ao lado dos visitantes dos EUA, Videgaray disse que é "um momento complexo" para as relações EUA-México, que têm descido ladeira abaixo rapidamente desde que Donald Trump foi eleito presidente em novembro passado.
O governo dos EUA irritou o México nesta semana afirmando que planeja deportar muitos imigrantes ilegais para o México se eles entrarem no país vindos de território mexicano, independentemente de sua nacionalidade.
As novas diretrizes imigratórias de Washington são a causa mais recente de tensão entre os dois vizinhos, que também estão em atrito devido à promessa de Trump de construir um muro na fronteira e de suas tentativas de intimidar o México para que faça concessões na arena comercial.
Videgaray e o presidente Enrique Peña Nieto têm sido criticados internamente por estarem dispostos demais a se relacionar com Trump, que tem repetidamente acentuado a tensão entre os dois países antes de importantes encontros.
Ambos os lados na quinta-feira prometeram mais diálogo sobre questões de migração, comércio e segurança enfrentadas pelos dois países. Kelly e Tillerson foram muito mais comedidos em suas palavras do que os mexicanos ou Trump, que na quinta-feira disse que uma operação militar estava sendo realizada para limpar os Estados Unidos dos "caras maus".
Kelly disse que não haveria "uso de força militar em operações de imigração" e "não, repito, não" haveria deportações em massa.
Nem Tillerson nem Kelly fizeram referências diretas à deportação de imigrantes de outros países para o México, ou ao pagamento do muro de fronteira planejado por Trump, uma questão de sinal vermelho para o México.
(Reportagem adicional de Gabriel Stargardter, Christine Murray, Adriana Barrera e David Alire Garcia)