PARIS (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta segunda-feira que preservar a unidade da União Europeia é mais importante do que estabelecer um relacionamento estreito com o Reino Unido após o Brexit, e criticou o que chamou de isolacionismo "agressivo" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Macron, que se encontrou com a primeira-ministra britânica, Theresa May, para conversar sobre a saída britânica da UE durante as férias de verão na Europa, disse que deseja fechar um acordo para o Brexit até o final do ano, e não deu sinais de que romperá com as outras capitais do bloco.
"A França quer manter um relacionamento forte e especial com Londres, mas não se o preço for o desmantelamento da União Europeia", disse ele em uma reunião de embaixadores franceses.
O Brexit, disse Macron, "é uma escolha soberana, que precisamos respeitar, mas não pode vir à custa da integridade da União Europeia".
Em um discurso de uma hora e meia no qual delineou suas prioridades diplomáticas para o próximo ano, Macron não apresentou grandes mudanças de diretriz, mas falou com ênfase sobre o que rotulou como a "crise do multilateralismo" e a necessidade de tornar a Europa mais "soberana".
O líder francês conclamou o continente a ser "uma potência comercial e econômica" que defenda seus interesses estratégicos e sua independência financeira com ferramentas que possam conter sanções dos EUA.
"O multilateralismo está passando por uma grande crise que colide com toda a nossa atividade diplomática, acima de tudo por causa das políticas dos EUA", disse.
"O parceiro com o qual a Europa construiu a nova ordem pós-Guerra Mundial parece estar dando as costas a esta história compartilhada".
Em seu primeiro ano Macron apostou em relacionamentos com líderes difíceis, como Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, e pareceu engajado na arena mundial, mas muitas vezes sem tomar posição e tentando ser conciliador sem incomodar ninguém.
Essa abordagem foi testada depois que Trump rompeu com Macron e outros aliados retirando seu país de um acordo climático global, adotou sanções contra o Irã e impôs tarifas ao aço e ao alumínio da UE.
Na Síria, apesar dos ataques franceses, Macron tem tido pouca influência sobre Putin.
Enquanto isso, as operações de forças francesas para combater um levante islâmico na África Ocidental, iniciadas pelo antecessor de Macron, François Hollande, e transformadas por ele em uma prioridade, vêm tendo dificuldades para expulsar jihadistas do Mali e de países vizinhos.
(Por Michel Rose, Richard Lough e Brian Love)