Por Richard Lough e Michel Rose
PARIS (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, pego de surpresa por manifestações violentas contra aumentos no imposto do diesel, afirmou nesta segunda-feira que os protestos ameaçam manchar a imagem do país no exterior, e disse que o governo precisa ouvir a revolta dos eleitores.
Os 10 dias de tumultos, que no sábado transformaram algumas avenidas de Paris em campos de batalha, afetaram Macron no momento em que ele tenta reagir a uma queda acentuada de popularidade, e voltaram a lhe render acusações de falta de sintonia com o eleitorado.
Mas o líder francês não deu sinais de que reverterá os aumentos, que diz serem necessários para ajudar a impulsionar energias mais verdes, mas agora está sinalizando a disposição de suavizar o impacto para motoristas de baixa renda.
No sábado a polícia usou gás lacrimogêneo, canhões de água e balas de borracha contra milhares de manifestantes que destruíram restaurantes e vitrines e incendiaram lixeiras no Champs-Élysèes, bairro de alta classe que atrai muitos turistas.
"Não deveríamos subestimar o impacto destas imagens de Champs-Élysèes... com cenas de batalha que foram transmitidas pela mídia na França e no exterior", disse o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, repetindo as palavras do presidente.
Agora em sua segunda semana nas ruas, os manifestantes dos "coletes amarelos" bloquearam ruas de todo o país, às vezes impedindo o acesso a depósitos de combustível, shopping centers das periferias e fábricas.
"Por trás desta raiva obviamente há algo mais profundo a que devemos responder, porque esta raiva, estas ansiedades existem há muito tempo", disse Griveaux.
Os manifestantes estarão esperando respostas concretas de Macron quando ele e seu ministro do Meio Ambiente divulgarem uma nova estratégia energética de longo prazo na terça-feira.