SÃO PAULO (Reuters) - A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, afirmou neste domingo que as metas de seu programa de governo relacionadas à economia são claras e que o mais importante é o Brasil recuperar a credibilidade, "sem o que não adiantará números".
"Temos um programa, acho que não existe nada mais genérico do que ter apenas um conjunto de pontos e diretrizes básicas como têm Aécio Neves e Dilma Rousseff, que até agora não apresentaram programa", disse Marina, referindo-se aos rivais diretos de PSDB e PT, respectivamente, nas eleições de outubro.
Marina é a única dos três principais candidatos na corrida presidencial a já ter apresentado programa de governo, com a promessa de recuperar o tripé macroeconômico formado por meta de inflação, superávit primário e câmbio flutuante. O documento, porém, não esmiúça esses pontos.
"Estamos comprometidos com a responsabilidade fiscal, estamos comprometidos com a autonomia do Banco Central e a nossa meta mais importante é recuperar a credibilidade do Brasil, sem o que não adiantará números, não adiantará cadernos que estejam anotados uma grande quantidade de números para poder recitá-los nos debates", afirmou Marina a jornalistas no comitê de campanha em São Paulo.
Ao ser perguntada sobre a carência de metas numéricas sobre economia em seu programa, Marina citou o objetivo de ter 10 por cento do Orçamento da União direcionado à Saúde e outros 10 por cento à Educação.
"Mais claro do que isso, não há como fazê-lo e haveremos de melhorar a clareza no momento da transição para o novo governo", disse a candidata, que tem aparecido empatada com Dilma nas pesquisas de intenção de voto no primeiro turno e à frente da presidente que tenta a reeleição no segundo turno.
"CAMPANHA DESLEAL"
Marina acusou PT e PSDB de estarem promovendo uma "campanha desleal, que afronta a inteligência da sociedade brasileira".
"Há uma central de boatos espalhada pelos dois candidatos que estranhamente se unem para desconstruir nosso projeto político", disparou Marina em entrevista coletiva, enfatizando o uso de redes sociais como instrumento para isso.
A candidata, que tem sido criticada por praticamente não mencionar o pré-sal em seu programa, voltou a defender a exploração do petróleo "com responsabilidade e competência".
"As riquezas daí oriundas garantirão projetos estratégicos para o país, viabilizando significativos investimentos em Saúde e Educação", disse Marina em pronunciamento antes das perguntas dos jornalistas.
"Enquanto essa mentira (sobre o pré-sal) é alardeada por todos os meios, a Petrobras é destruída pelo uso político, o apadrinhamento e a corrupção", afirmou.
O vice de Marina, Beto Albuquerque, disse que o PSB já solicitou acesso ao processo da Polícia Federal que investiga a suposta participação de dezenas de políticos em caso de corrupção na Petrobras.
Segundo reportagem da revista Veja desta semana, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa teria citado dezenas de parlamentares da base aliada do governo, um ministro e três governadores como envolvidos num suposto esquema de corrupção na estatal.
Costa teria citado em depoimento à Polícia Federal o nome de Eduardo Campos, que encabeçava a chapa do PSB à Presidência antes de morrer num acidente de avião em agosto.
"Estamos atrás da verdade dos fatos. A matéria da Veja cita o nome do Eduardo. Acho muito ruim que se cite o nome de uma pessoa sem ligar ele a nada ou alguma coisa e todos passarem a dizer que ele esta provavelmente envolvido em alguma coisa... Ele morreu por uma fatalidade e não deixaremos que ele morra politicamente por uma leviandade", disse Albuquerque.
(Por Cesar Bianconi)