BRASÍLIA (Reuters) - O mercado de crédito brasileiro continuou perdendo força em julho, ao registrar o menor crescimento em 12 meses desde 2008, em mais um sinal de que a atividade econômica enfrenta problemas.
O estoque total de crédito no país cresceu 11,4 por cento no mês passado, na comparação em 12 meses, sexto mês seguido de desaceleração, informou o Banco Central nesta terça-feira. Quando comparado com junho, a expansão foi de 0,2 por cento em julho, somando 2,835 trilhões de reais, ou 56,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Para este ano, o BC projeta 12 por cento de expansão no estoque de crédito. Com a economia perdendo terreno, o governo anunciou na última quarta-feira amplo pacote de medidas para estimular os bancos a ofertarem mais recursos no mercado, numa ação conjunta entre o BC e o Ministério da Fazenda.
Do lado do BC, foram anunciadas medidas com potencial para injetar mais 25 bilhões de reais na economia envolvendo, entre outros, os compulsórios sobre depósitos a prazo. Somando ações semelhantes adotadas no fim de julho, a autoridade monetária abriu espaço para que entrem 70 bilhões de reais no mercado de crédito.
Para o chefe do departamento Econômico do Bc, Tulio Maciel, as medidas ajudam a diminuir a pressão sobre perspectivas de menor previsão de expansão do crédito neste ano. "Mas vamos aguardar setembro", afirmou ele a jornalistas, referindo-se à data na qual o BC fará novas estimativas para o mercado.
"Há sinais mais favoráveis no volume de concessões em agosto, mas são dados preliminares", acrescentou, sem dar mais detalhes.
Somente no crédito livre, ainda segundo o BC, o saldo das operações de crédito recuaram 0,5 por cento em julho, comparado com o mês anterior, mostrando avanço de 5 por cento em 12 meses. Neste caso, também foi o pior desempenho desde 2008.
Esse cenário de menor expansão do crédito vem junto com inadimplência e spreads maiores. Segundo o BC, no mês passado os atrasos nos pagamentos no segmento de recursos livres ficaram em 4,9 por cento, maior em relação a junho, quando registrou 4,8 por cento.
No crédito total, que também inclui recursos direcionados, a inadmplência ficou em 3 por cento em julho, mesmo patamar do mês anterior.
No período, ainda segundo o BC, o spread bancário --diferença entre custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada do tomador final-- ficou em 21,4 pontos percentuais no crédito livre, acima dos 20,9 pontos vistos em junho.
No crédito total, o spread ficou em 13,1 pontos percentuais, acima dos 12,7 pontos de junho.
O BC informou ainda que a taxa média de juros no segmento de recursos livres fechou julho em 32,3 por cento, superior aos 32 por cento no mês anterior. No crédito total, os juros ficaram em 21,4 por cento em no mês passado, frente aos 21,1 por cento apurado em junho.
(Por Luciana Otoni)