Investing.com - Como o Federal Reserve (Fed) deu início à sua reunião de política monetária, que durará dois dias, nesta terça-feira e com os mercados acreditando totalmente em uma elevação de 25 pontos-base, a uma faixa de 0,5%–0,75%, os investidores provavelmente se concentrarão nas projeções econômicas atualizadas e especialmente nas dicas que mostram as expectativas dos decisores quanto ao futuro das taxas de juros, junto com a coletiva de imprensa que se segue da presidente do banco, Janet Yellen.
Os fundos futuros federais atualmente têm certeza, com 100% de probabilidade, do aumento das taxas, de acordo com o Monitor das taxas de juros do Fed, da Investing.com
Além disso, todos os 120 economistas que participaram da última enquete da Reuters foram unânimes ao afirmar que o banco central americano deve optar por um aperto da política, a pesquisa do Wall Street Journal (WSJ) apresentou estimativas similares.
Embora sempre haja possibilidade de o mercado ser surpreendido pelo não aumento dos juros ou por uma alta maior do que 50 pontos-base, a maioria dos especialistas acredita que as chances são muito pequenas, com base nos recentes comunicados do Fed até aqui.
Aumento dos juros em 2017
Analisando o cenário mais à frente, os mercados apostaram em um próximo aperto em junho de 2017, com a probabilidade marcando 63,6% atualmente. Essa é a primeira reunião de política em que a probabilidade supera o limite de 50%.
De acordo com a pesquisa do WSJ, os economistas, no geral, esperam que o Fed eleve as taxas três vezes em 2017, um movimento um pouco mais agressivo do que o resultado mediano de duas altas que os próprios decisores indicaram, com o último gráfico de pontos sendo divulgado em setembro.
Os estrategistas da Brown Brothers Harriman acreditam que o Fed se aterá às expectativas de dos aumentos em 2017.
"Embora esse ritmo seja duas vezes mais rápido do que o de 2015 e o de 2016, faz sentido, mesmo avaliando-se com prudência e cautela", afirmaram.
Muito cedo para especular sobre possíveis novas políticas fiscais
Desde as eleições americanas, os mercados especularam que o futuro presidente, Donald Trump, embarcará em políticas fiscais, incluindo investimento em infraestrutura que pode não apenas fomentar o crescimento econômico, mas também estimular a inflação, colocando mais pressão no Fed para endurecer a política monetária, evitando não acompanhar a economia.
Diversos diretores do Fed indicaram que o resultado das eleições não alterou as perspectivas porque havia incertezas demais quanto a que políticas Trump implementaria o qual seria o impacto geral delas na economia.
O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, afirmou na última segunda-feira que "ainda é cedo para se ter uma boa ideia das consequências das políticas fiscais e de outros eventos".
"Como políticas são efetivamente aplicadas, em vez de faladas, acho que a medida adequada seria reagir a elas à medida que se revelarem", declarou o presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan.
O presidente do Fed de Nova Iorque, William Dudley, conhecido por ser o decisor mais alinhado à forma de pensar de Janet Yellen, também analisou, na última semana, que "é prematuro tecer comentários sólidos sobre o que provavelmente ocorrerá".
No entanto, Dudley admitiu que, se as expectativas do mercado de que a política fiscal se tornará mais expansionista forem concretizadas, os participantes do mercado poderiam estar certos sobre a o Fed "provavelmente reagir apertando a política monetária um pouco mais rapidamente do que o previsto".
Com isso em mente, há amplas expectativas de que Yellen adotará uma atitude de "esperar para ver" na coletiva de imprensa pós-decisão, às 17h30, no horário de Brasília, afirmando que a atuação futura do Fed dependerá de dados.
Destaque para o gráfico de pontos das projeções econômicas do Fed
De acordo com a previsão do Fed, os representantes devem melhorar as estimativas para o crescimento econômico e o desemprego, além de elevar ligeiramente as previsões para a inflação.
Portanto, novamente, o foco se voltará para a publicação do gráfico de pontos que define, anonimamente, projeções individuais do Fed para o futuro das taxas de juros.
Os estrategistas de moedas do Citi sugeriram que o maior risco de "autoritarismo" era que o número de representantes que esperam três ou mais aumentos em 2017 aumentasse ante os 7 pontos vistos nas projeções de setembro.
"O mercado provavelmente absorveria oito ou nove, mas acima de 10, provavelmente indicaria cautela sobre a possibilidade de ritmo mais intenso (de aperto da política) no próximo ano", afirmaram.