Por Alexandra Alper
WASHINGTON (Reuters) - O México pode chegar a um acordo com os Estados Unidos para resolver uma disputa sobre a imigração que levou o presidente dos EUA, Donald Trump, a ameaças com tarifas punitivas, disseram autoridades mexicanas nesta segunda-feira, quando conversas de alto nível devem começar em Washington.
Trump propôs as tarifas a importações mexicanas para pressionar o México a deter imigrantes que atravessam o vizinho do sul a caminho dos EUA, além de cartéis de drogas.
Falando em sua coletiva de imprensa matinal de rotina na Cidade do México, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, também reiterou acreditar que é possível firmar um acordo para evitar as tarifas.
As autoridades mexicanas, conversando com repórteres em Washington, alertaram que as tarifas de Trump podem sair pela culatra.
O ministro das Relações Exteriores mexicano, Marcelo Ebrard, disse que tais tarifas seriam devastadoras e não impediriam levas de imigrantes centro-americanos de cruzarem a fronteira norte-americana.
"Tarifas, junto com a decisão de cancelar programas de ajuda a países centro-americanos, poderiam ter um efeito contraproducente e não reduziriam os fluxos imigratórios", disse a embaixadora do México nos EUA, Martha Barcena, na mesma coletiva de imprensa.
As tarifas também "poderiam causar instabilidade financeira e econômica", diminuindo a capacidade das autoridades mexicanas de combater os fluxos imigratórios e "oferecer alternativas" a imigrantes em fuga da Guatemala, El Salvador e Honduras, disse ela.
Os debates em Washington incluirão uma reunião do ministro da Agricultura mexicano, Victor Villalobos, com o secretário da Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, nesta segunda-feira, disseram autoridades mexicanas.
O representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, e o secretário de Segurança Interno interino, Kevin McAleenan, também devem participar das conversas, segundo funcionários do México.
A secretária da Economia mexicana, Graciela Márquez, e o secretário de Comércio norte-americano, Wilbur Ross, se reunirão nesta semana, assim como Ebrard e o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.
A ameaça de tarifas mais recente de Trump abalou ainda mais os mercados globais, já pressionados por uma guerra comercial entre os EUA e a China.