Por Sergio Spagnuolo
CURITIBA (Reuters) - Procuradores do Ministério Público Federal devem apresentar acusações formais nesta sexta-feira contra o presidente-executivo da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outros executivos detidos no mês passado no âmbito da operação Lava Jato, em uma investigação com objetivo de mostrar que a elite não está acima da lei.
Marcelo Odebrecht, terceira geração de presidentes-executivos do conglomerado familiar, pode enfrentar acusações de corrupção e lavagem de dinheiro, após a Polícia Federal informar nesta semana que há evidências suficientes para acusá-lo destes crimes.
Os procuradores dizem que Odebrecht sabia da participação de sua companhia, a maior empreiteira da América Latina, e possivelmente liderou o chamado cartel das empreiteiras, que cobrava sobrepreço da Petrobras (SA:PETR4) e subornava executivos e políticos, alguns da base do governo da presidente Dilma Rousseff.
Uma entrevista coletiva está marcada para à 15h30 nesta sexta-feira, fim do prazo de 35 dias para a apresentação de denúncias formais após a prisão de Odebrecht e outros em 19 de junho. Altos executivos da segunda maior empreiteira do país, a Andrade Gutierrez, também devem ser formalmente acusados pelo MPF.
A ligação pessoal de Marcelo Odebrecht com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ameaça levar o escândalo para mais perto do PT, cujo ex-tesoureiro João Vaccari Neto já está na prisão esperando julgamento por corrupção por suposto envolvimento no esquema investigado pela Lava Jato.
Os procuradores também abriram um inquérito separado para descobrir se Lula usou, de forma imprópria, suas conexões em benefício da Odebrecht após deixar a Presidência.
Dilma não está sob investigação, mas sua taxa de aprovação caiu para 7,7 por cento, de acordo com pesquisa divulgada nesta semana, enquanto 62,8 por cento querem o impeachment dela.
(Reportagem adicional de Caroline Stauffer, em São Paulo)