Por Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - O ministro das Finanças britânico, Philip Hammond, disse neste domingo que renunciaria ao cargo se Boris Johnson se tornasse primeiro-ministro porque se sentiria incapaz de apoiar um líder que se dispõe a tirar o país da União Europeia sem um acordo.
A decisão de Hammond sublinha a força do sentimento do Parlamento contra um Brexit sem acordo, que alguns parlamentares e muitos empresários afirmam que seria catastrófico para a economia.
Um conservador leal, que serviu em vários cargos ministeriais, Hammond é um rebelde improvável. Ele afirmou que seu medo de um não-acordo o forçou a votar contra o governo na semana passada pela primeira vez em sua carreira política de 22 anos.
O favorito a se tornar primeiro-ministro britânico é o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, que prometeu “tudo ou nada” para deixar a UE no prazo de 31 de outubro. Isso o deixa com um complicado desafio a partir do momento em que assumir o poder, na quarta-feira.
Johnson afirmou que aceleraria os preparativos para um não-acordo para tentar forçar os negociadores da UE a fazer mudanças no acordo que a primeira-ministra Theresa May firmou com Bruxelas e que os políticos britânicos recusaram três vezes.
Mas a oposição no Parlamento a um não-acordo está crescendo, e a UE recusa-se a recuar no acordo de saída.
"Tenho certeza de que não vou ser demitido porque vou renunciar antes de chegarmos a esse ponto", disse Hammond à BBC, no programa Andrew Marr Show, acrescentando que comunicaria isso a May antes de ela própria apresentar sua renúncia à rainha na quarta-feira.
"Assumindo que Boris Johnson se torne primeiro-ministro, eu entendo que suas condições para servir em seu governo incluiriam a aceitação de uma saída sem acordo (da UE) em 31 de outubro. Isso não é algo com o que eu poderia me comprometer."