Por Lefteris Papadimas e John O'Donnell
ATENAS/FRANKFURT (Reuters) - O combativo ministro das Finanças da Grécia renunciou nesta segunda-feira, removendo um importante obstáculo a qualquer acordo para manter Atenas na zona do euro após os gregos terem votado em apoio ao governo na rejeição dos termos de austeridade do resgate.
O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, prometeu à chanceler alemã, Angela Merkel, que a Grécia vai levar uma proposta para um acordo de reformas em troca de dinheiro à cúpula de emergência de líderes da zona do euro na terça-feira, afirmou uma autoridade grega. Não ficou claro quanto ela vai diferir de outras propostas rejeitadas no passado.
Autoridades em Bruxelas e Berlim disseram que uma saída da Grécia da zona do euro parece agora ainda mais provável.
Mas elas também afirmaram que as conversas para evitar isso serão mais fáceis sem Yanis Varoufakis, um economista que se declara "marxista errático" e que enfureceu os parceiros da zona do euro com o seu estilo pouco convencional e afirmações intimidadoras. Ele fez campanha pelo "não" no referendo de domingo, acusando os credores da Grécia de "terrorismo".
"Eu fui alertado de uma certa 'preferência' por parte de alguns participantes do Eurogrupo, e vários parceiros, pela minha... 'ausência' de suas reuniões; uma ideia que o primeiro-ministro considerou potencialmente útil para chegar a um acordo", disse Varoufakis em comunicado.
O sacrifício dele indica que o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, de esquerda, está determinado a tentar chegar a um compromisso de última hora com os líderes europeus.
Os líderes políticos da Grécia, mais acostumados a gritarem uns com os outros no Parlamento, emitiram um comunicado conjunto sem precedentes após um dia de conversas no gabinete do presidente dando apoio a esforços para alcançar um acordo com credores.
Eles pediram medidas imediatas para reabrir bancos e disseram que qualquer acordo tem que lidar com a sustentabilidade da dívida --código para reduzir a dívida da Grécia-- mas não deram indicações de concessões do lado grego em relação às exigências dos credores para mais cortes de gastos e reformas de aposentadorias e mercado de trabalho.
O principal negociador com os credores internacionais, Euclid Tsakalotos, um economista acadêmico de fala suave, foi nomeado ministro das Finanças.
O ministro das Finanças austríaco, Hans Joerg Schelling, falou publicamente o que outros haviam dito de forma privada: "Varoufakis era alguém que destruiu maciçamente a confiança através de seus palavrões e ao criticar repetidamente as instituições... é por isso que espero que a base para negociações seja melhor."
Para conseguir qualquer novo acordo, a Grécia terá que superar forte desconfiança entre os parceiros, acima de tudo da Alemanha, maior credora da Grécia e maior economia da UE, onde a opinião pública endureceu em favor de a Grécia deixar a zona do euro.
Varoufakis tinha uma relação particularmente áspera com o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, que disse que o novo ministro grego não terá uma tarefa fácil.
O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, afirmou que ainda não existem as condições para que as negociações sejam retomadas com a Grécia.
Em Washington, a Casa Branca afirmou nesta segunda-feira que os líderes da Grécia e da Europa deveria buscar um compromisso sobre a crise da dívida grega que permita ao país permanecer na zona do euro.
(Reportagem adicional de Renee Maltezou, Deepa Babington, Lefteris Karagiorgiannis e Angeliki Koutantou em Atenas, Paul Carrel e Andreas Rinke em Berlim, Julien Ponthus em Paris)