Por Anthony Boadle
SÃO PAULO (Reuters) - O governo federal espera que o mercado de aviação doméstica amplie a concorrência nos próximos meses, com a entrada de três ou quatro novas companhias aéreas no país, afirmou o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas nesta segunda-feira.
"Existem mais empresas interessadas em entrar no mercado nacional, com tratativas interessantes bastante avançadas, algumas de baixo custo", disse o ministro a jornalistas após reunião com executivos de empresas espanholas sobre investimentos no Brasil.
A espanhola Air Europa, do Grupo Globalia, anunciou recentemente que vai operar no Brasil, depois da aprovação da medida provisória que permitiu que empresas estrangeiras possam atuar no mercado doméstico.
"A gente pode esperar em um futuro breve mais três ou quatro empresas operando, o que vai mudar a dinâmica do mercado nacional. Podemos esperar mais competição", afirmou Freitas. Segundo ele, o debate em torno da cobrança ou não de franquia de bagagem "não é uma questão fundamental para a tomada de decisão sobre investimentos de uma linha aérea". Além disso, Freitas comentou que o assunto está sendo "supervalorizado" porque se a franquia for removida, passará a ser incluída nas passagens.
A reunião contou com participação de representantes de grupos espanhóis incluindo a Aena, 51 por cento controlada pelo Estado espanhol, que venceu o leilão deste ano para administrar seis aeroportos no Nordeste.
O executivo Santiago Yus, da Aena, atual diretor do aeroporto de Tenerife, diz que espera que a empresa esteja operando os aeroportos no Nordeste até o final do ano para aproveitar a alta temporada.
Freitas comentou também sobre interesse de investidores estrangeiros em projetos de infraestrutura no país, como ferrovias, portos e estradas, incluindo 17 mil quilômetros de novas concessões rodoviárias.
O edital da BR 364/365 entre Jataí (GO) e Uberlândia (MG) será publicado na quarta-feira, disse o ministro. O trecho será seguido por consultas públicas sobre a BR-163.
O ministro afirmou ainda que a empresa estatal ferroviária Valec não será incluída no rol de ativos a serem vendidos pelo governo porque é "imprivatizável" e tem obras importantes como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia.
Freitas disse também que o governo federal desistiu da fusão entre as agências regulatórias ANTT (transportes terrestres) e Antaq (transportes aquaviários). "Há uma preocupação do mercado que é legítima, principalmente no setor portuário e setor de navegação, um medo de um setor engolir o outro, e a gente acabe tendo um enfraquecimento na parte de regulação", disse o ministro.