Buenos Aires, 31 jul (EFE).- O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, negou nesta quinta-feira que seu país tenha entrado em moratória, assegurou que há reservas para pagar e ressaltou que o governo fará todo o possível "para que os credores reestruturados recebam seu dinheiro".
"Existe uma espécie de campanha encaminhada a semear incerteza, pânico e terror vinculados com a palavra 'default'", disse o ministro em entrevista coletiva no dia seguinte a que a Argentina fosse declarada em moratória seletiva por entidades de risco dos Estados Unidos.
Essa declaração foi anunciada depois que alguns dos detentores de bônus argentinos sujeitos às reestruturações que seguiram à moratória voluntariamente declarada pela Argentina em 2001 não puderam cobrar sua parcela em consequência de decisões judiciais nos EUA a favor dos credores com dívida argentina não reestruturada.
Parte do dinheiro girado pela Argentina para esse pagamento ficou congelado em um banco nova-iorquino por recomendação do juiz Thomas Griesa, que decidiu a favor de fundos de investimento que exigiram da Argentina o pagamento de US$ 1,5 bilhão por dívida não paga desde 2001.
"A Argentina depositou US$ 539 milhões e consideramos os bônus pagos. Isso seria uma questão concluída se o Bank of New York Mellon (Bony) não tivesse consultado o juiz Griesa. Esse dinheiro é dos credores da troca", garantiu Kiciloff.
Após qualificar de "bobagem atômica" o uso do termo moratória, Kicillof disse que "o 'default' acontece quando não se paga e não quando não se pode cobrar por determinados riscos contemplados no prospecto da troca, como ocorre hoje com os holdouts (fundos abutre), e também por toda outra série de razões".
O ministro reforçou que a Argentina fará o possível do ponto de vista legal "para que os credores reestruturados recebam seu dinheiro" e atribuiu ao juiz Griesa a responsabilidade pela situação.
"Favorecer os abutres (os fundos de investimento que processaram a Argentina nos EUA) parece ser um dos objetivos deste juiz", criticou, para depois reiterar que o país "tem reservas suficientes para pagar e seguirá pagando".
O titular de Economia assegurou que o Executivo de Cristina Kirchner "não se opõe a um acordo", em referência a uma possível oferta de bancos privados argentinos para comprar a dívida dos fundos especulativos ou de fazer um depósito de garantia.
"Há condições para um acordo entre privados porque o governo não pode pagar mais os fundos abutre, e não pode participar deste tipo de acerto", comentou.
No entanto, detalhou que qualquer negociação desse tipo "não pode ser feito com fundos do Estado nacional nem através de empresas nas quais é participante majoritário".
Kicillof se mostrou esperançoso que o conflito com os fundos especuladores conclua antes do próximo vencimento de dívida, no dia 30 de setembro, e em que a Justiça dos Estados Unidos "seja razoável" e desbloqueie o dinheiro para os credores reestruturados que permanece retido desde 26 de junho.