Por David Morgan e Jan Wolfe
WASHINGTON (Reuters) - O ex-procurador especial dos Estados Unidos Robert Mueller compareceu nesta quarta-feira para um depoimento muito aguardado no Congresso visto como de grande importância tanto para o presidente dos EUA, Donald Trump, como para os democratas da oposição, que estão divididos entre buscar um impeachment ou se concentrar na eleição de 2020.
O ex-diretor do FBI, que passou 22 meses investigando a interferência russa na eleição de 2016 e a conduta de Trump, falou ao Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados. O presidente democrata do comitê, Jerrold Nadler, elogiou Mueller e disse que ninguém, incluindo Trump, está "acima da lei".
Mueller, de 74 anos, estava cercado de fotojornalistas ao ocupar seu lugar na sala de audiências lotada.
Ele deve depor também ao Comitê de Inteligência da Câmara ainda nesta quarta-feira. Os democratas controlam a Câmara, e os colegas republicanos de Trump controlam o Senado.
Os democratas foram às audiências na esperança de que o depoimento de Mueller angarie apoio público às suas próprias investigações em andamento sobre o presidente e seu governo, mas não conseguem decidir se iniciam ou não o processo de impeachment delineado na Constituição norte-americana para retirar um presidente do cargo por "altos crimes e contravenções".
O inquérito Mueller detalhou numerosos contatos entre a campanha presidencial de 2016 de Trump e a Rússia, em um momento no qual o Kremlin estava interferindo na eleição dos EUA com um esquema de ataques cibernéticos e propaganda para semear a discórdia entre os norte-americanos e fortalecer a candidatura de Trump.
Segundo o relatório investigativo de Mueller, o inquérito não encontrou indícios suficientes para determinar que Trump e sua campanha se envolveram em uma conspiração criminosa com a Rússia. O relatório não concluiu se Trump cometeu o crime de obstrução da Justiça em uma série de ações que visaram impedir o inquérito, mas chamou atenção por tampouco exonerá-lo.
Subsequentemente, o secretário de Justiça, William Barr, indicado por Trump, absolveu o presidente de obstrução da Justiça.
O Departamento de Justiça tem uma política de longa data contra a apresentação de acusações criminais a um presidente no exercício do cargo.
Trump atacou o inquérito diversas vezes, classificando-o de "caça às bruxas" e tentativa de "golpe", acusou Mueller de ter conflitos de interesse e qualificou sua equipe de procuradores de "bandidos" com uma pauta política democrata.
(Reportagem adicional de Patricia Zengerle)