Por Jeff Mason e Tom Perry
WASHINGTON/BEIRUTE (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, expressou cautela nesta quarta-feira a respeito de um plano para pôr fim aos combates na Síria, e o principal grupo de oposição disse que ainda não se comprometeu com o pacto.
Exige-se que os combatentes digam se concordarão com a "cessação das hostilidades" até as 10h da próxima sexta-feira pelo horário local e com a interrupção dos confrontos à meia-noite do sábado.
A Organização das Nações Unidas (ONU) espera que a suspensão da luta crie uma oportunidade para que as conversas de paz da Síria sejam retomadas.
A rodada mais recente, realizada em Genebra neste mês, terminou sem avanços depois que o governo sírio lançou uma ofensiva com apoio russo contra a cidade de Aleppo, onde novos combates foram relatados nesta quarta-feira.
Obama disse aos repórteres em Washington que, se houvesse algum progresso na Síria, isso conduziria a um processo político para encerrar os quase cinco anos de guerra civil no país.
Embora autoridades norte-americanas tenham tocado na questão da transição política em Damasco, o presidente sírio, Bashar al-Assad, que tem apoio da Rússia, não deu sinal de que deixará o posto.
O Comitê de Altas Negociações (HNC, na sigla em inglês), coalizão patrocinada pela Arábia Saudita que congrega opositores políticos e armados de Assad, afirmou na segunda-feira que "deu seu aval aos esforços internacionais para uma cessação das hostilidades".
Mas nesta quarta-feira Mohamad Alloush, negociador-chefe do HNC, disse que o conselho ainda não decidiu se irá se comprometer com o acordo, enfatizando as dúvidas dos rebeldes a respeito de um pacto que eles temem não poder evitar ataques aéreos russos contra seus integrantes.
O acordo não inclui o Estado Islâmico nem a Frente Al-Nusra, uma filiada da Al Qaeda com forte presença em áreas controladas pela oposição.
"Como (a Rússia) pode oferecer garantias se é parte do problema?", indagou Alloush em uma entrevista ao canal de televisão pró-oposição Orient TV.
O governo sírio, cujo esforço de guerra vem sendo sustentado pelos bombardeios de Moscou desde setembro, aceitou o acordo de fim das hostilidades anunciado na segunda-feira. Ainda nesta quarta-feira, Assad disse ao presidente russo, Vladimir Putin, que seu governo está disposto a implementar o pacto.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse ter conversado com o chanceler russo, Sergei Lavrov, e que suas equipes irão se reunir aproximadamente dentro de um dia para debater o cessar-fogo em planejamento.
"Não estou aqui para garantir que irá funcionar com certeza", ponderou Kerry em Washington.