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Oposição da Venezuela planeja intensificar pressão após grande votação contra Maduro

Publicado 17.07.2017, 09:23
© Reuters. Julio Borges, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, durante declaração à imprensa após plebiscito não oficial contra o presidente Nicolás Maduro, em Caracas

Por Andrew Cawthorne

CARACAS (Reuters) - Motivados por uma votação expressiva contra o presidente Nicolás Maduro em referendo não oficial, a oposição da Venezuela avaliava nesta segunda-feira como aumentar os protestos contra o governo e impedir uma Assembleia Constituente que pode ampliar a hegemonia do Partido Socialista.

Após meses de protestos nas ruas que levaram a quase 100 mortes, a coalizão Unidade Democrática levou milhões de pessoas às ruas no domingo para um referendo informal que pretende deslegitimar o líder que eles chamam de ditador.

Agora, líderes da oposição estão prometendo a "Hora Zero" na Venezuela para demandar uma eleição geral e frear o plano de Maduro de criar um novo órgão legislativo em uma eleição em 30 de julho.

Táticas da oposição poderiam incluir bloqueios e ocupações de vias, uma greve nacional e possivelmente até uma marcha ao palácio presidencial de Miraflores, semelhantes a eventos que ocorreram antes de um breve golpe contra o predecessor de Maduro, Hugo Chávez, em 2002.

"Hoje, a Venezuela se levantou com dignidade para dizer que a liberdade não anda para trás, a democracia não é negociada", disse Julio Borges, que lidera a Assembleia controlada pela oposição, logo após a meia-noite, quando os resultados do referendo foram anunciados.

"Nós não queremos uma Assembleia Constituinte fraudulenta imposta a nós. Não queremos ser Cuba. Não queremos ser um país sem liberdade", acrescentou, prometendo novos anúncios sobre a estratégia da oposição ao longo desta segunda-feira.

Quase 7,2 milhões de pessoas participaram da votação de domingo, e 98 por cento dos eleitores rejeitaram a proposta de uma Assembleia Constituinte, de acordo com acadêmicos que monitoraram a votação a pedido da oposição.

Maduro, cujo mandato está previsto para terminar no início de 2019, rejeitou o referendo da oposição no domingo, dizendo ter sido um exercício interno sem influenciar seu governo.

"Não vão à loucura, acalmem-se", disse ele no domingo em mensagem à oposição, prometendo que sua Assembleia Constituinte traria paz à volátil nação de 30 milhões de pessoas.

Maduro, de 54 anos, ex-motorista de ônibus e ex-ministro das Relações Exteriores de Chávez, venceu as eleições em 2013 com estreita margem, mas tem visto sua popularidade despencar para cerca de 20 por cento durante uma crise econômica brutal no país membro da Opep.

© Reuters. Julio Borges, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, durante declaração à imprensa após plebiscito não oficial contra o presidente Nicolás Maduro, em Caracas

Ainda que as pesquisas mostrem que a oposição tem apoio da maioria e de seus adversários pedirem por eleições livres e justas como demanda número um, Maduro insiste que os opositores são peões dos Estados Unidos com a intenção de sabotar a economia e retirá-lo do poder através da violência.

A maioria dos venezuelanos se opõe à Assembleia Constituinte, que tem o poder de reescrever a Constituição e anular a atual legislatura liderada pela oposição, mas Maduro está pressionando pela votação da mesma em duas semanas.

(Reportagem adicional de Diego Ore e Andreina Aponte, em Caracas, e Francisco Aguilar, em Barinas)

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