Arena do Pavini - Em maio, a conta de transações correntes do Brasil teve superávit de US$ 729 milhões, resultado abaixo do projetado pelo mercado e do observado em maio de 2017, quando registrou-se superávit de US$ 2,8 bi. Com este resultado, o déficit acumulado em 12 meses avançou de US$ 8,9 bilhões até abril para US$ 13 bilhões até maio. O resultado reflete a queda de US$ 1,8 bi do superávit comercial de maio relação a maio de 2017, influenciado pela paralisação no setor de transporte de cargas, e o aprofundamento de US$ 260 milhões da conta de serviços.
A piora moderada das contas externas esperada para o ano, porém, não é preocupante, destaca a Rosenberg Associados. Ela ocorre pela recuperação, ainda que gradual, da atividade; e, além disso, os indicadores de endividamento externos e de reservas continuam absolutamente confortáveis. A recente depreciação do real, avlaia consultoria, reflete muito mais um movimento global do dólar e aversão ao risco, especialmente levando em conta as dificuldades das contas públicas, do que uma preocupação com o estado das contas externas do país.
Piora das contas externas, para o bem
A consultoria diz que espera um movimento de acentuação dos déficits ao longo do ano, pelo bom motivo, que é a recuperação da atividade econômica,que deve aumentar as importações e reduzir as exportações com o aumento do consumo interno.
Apesar desta piora nas contas externas, os patamares de déficit ainda serão baixos, com menor pressão do lado real da economia sobre a taxa de câmbio. As oscilações do câmbio, portanto, deverão continuar mais atreladas ao movimento global de dólar, bem como às preocupações com a sustentabilidade das contas fiscais e, por tabela, com a eleição presidencial.
Ativos baratos devem atrair capital
Quanto ao financiamento deste déficit, a perspectiva da Rosenberg de entrada de investimento direto estrangeiro ou IDP (antigo IED) em 2018 é ao redor de US$ 67 bilhões, patamar historicamente elevado. “Os ativos brasileiros estão com preços atrativos e ainda com boas perspectivas e maiores oportunidades de crescimento de longo prazo, impulsionando a captação de poupança externa”, diz a consultoria.
Resumindo, a Rosenberg diz que não se deve observar redução das reservas internacionais. A trajetória de ajuste das contas externas é saudável e não se esperam problemas no balanço de pagamentos, que segue bastante sólido. As reservas internacionais e o fato do Brasil ser credor líquido (dívida pública e privada menor que as reservas) é um fundamento relevante em momentos de crise, com pressão reduzida sobre o câmbio.
Os indicadores de endividamento externo mostram uma situação bastante confortável. Este é um importante colchão de segurança para o Brasil, diferentemente das últimas crises, que sempre eram acompanhadas (ou causadas) pelo balanço de pagamentos, destaca a consultoria
Para junho, a Rosenberg espera leve déficit, ao redor de US$ 0,3 bilhão, na conta de transações correntes – levando em conta um superávit comercial da ordem de US$ 5,3 bilhões. “Comparativamente, em junho/2018 havíamos registrado superávit de US$ 1,3 bilhão. Para a entrada de IDP, esperamos US$ 6,0 bilhões”, conclui a consultoria.
Por Arena do Pavini