Por Paul Carrel e Madeline Chambers
BERLIM (Reuters) - O partido conservador da chanceler alemã Angela Merkel foi derrotado em duas das três eleições estaduais realizadas neste domingo, com os alemães manifestando a desaprovação à política de acolhimento de refugiados por meio de uma grande votação no Alternativa para a Alemanha (AfD), partido anti-imigração.
O baixo desempenho em Baden-Wuerttemberg e Rhineland-Palatinate representou o pior dos cenários para Merkel, que apostou o legado de seu governo em sua decisão, tomada no ano passado, de abrir as portas da Alemanha para mais de 1 milhão de migrantes.
O revés também foi visível em Saxony-Anhalt, na antiga Alemanha Oriental, onde o conservador Partido Cristão Democrata (CDU), de Merkel, continuou a ser o partido mais votado, mas com o AfD em seu encalço, com 21,5 por cento dos votos.
“Temos problemas fundamentais na Alemanha que levaram a esse resultado eleitoral”, disse o líder do AfD, Frauke Petry, cujo partido conseguiu se inserir em todos os três parlamentos regionais.
O resultado representa um revés para Merkel num momento em que ela tenta se valer de seu status como líder mais poderosa da Europa para fechar um acordo entre a União Europeia e a Turquia, com o objetivo de conter a onda de migrantes.
Em Baden-Wuerttemberg, no sudoeste do país, o Partido Verde ficou em primeiro, com 32,5 por cento dos votos. O CDU ficou com 27,5 por cento, de acordo com as pesquisas de boca de urna feitas pela emissora ZDF.
Em Rhineland-Palatinate, Estado do ex-chanceler Helmut Kohl, o SPD venceu com 37,5 por cento dos votos. O CDU ficou com 33 por cento, mostrou a pesquisa da ZDF.
Em Saxony-Anhalt, o CDU continuou o partido mais votado, com 30,5 por cento da preferência dos eleitores, mas o AfD angariou 21,5 dos votos, superando até mesmo o SPD, partido parceiro na coalizão de Merkel em Berlim. Foi a primeira vez que o AfD se tornou o segundo partido mais votado em qualquer eleição regional.
Com presença em cinco dos 16 parlamentos regionais alemães, o partido anti-imigração prega slogans como “Assegurem as fronteiras” e “Parem o caos dos asilos políticos”.
(Reportagem adicional de Joseph Nasr e Tina Bellon)