Por Claudia Violante e Luiz Guilherme Gerbelli
SÃO PAULO (Reuters) - A percepção de risco dos investidores internacionais sobre a economia brasileira tem recuado de forma mais acentuada quando comparada com outros países emergentes da América Latina, diante da confiança dos investidores na agenda de reformas e na recuperação do crescimento econômico.
O custo de proteção contra calote da dívida brasileira, medido por Crédito Default Swaps (CDS) de cinco anos, caiu mais do que o de países que integram a Aliança do Pacífico(México, Colômbia, Peru e Chile) neste ano. A diferença entre os custos do CDS brasileiro e da média dos países da Aliança recuou de 130 pontos no início do ano para 100 pontos, de acordo com dados compilados pela Tendência Consultoria.
"Todo mundo melhorou, mas a percepção de risco sobre o Brasil melhorou mais do que a de outros países", disse o economista da consultoria Tendências Silvio Campos Neto.
Desde o início do ano, o CDS brasileiro recuou 80 pontos, enquanto a média do CDS dos países da Aliança do Pacífico diminuiu 50 pontos.
A comparação com os países que integram a Aliança do Pacífico tem como base o fato de serem economias com relativa estabilidade e, por isso, dão uma dimensão de quanto a recente queda do CDS pode ser atribuída ao cenário internacional ou a fatores domésticos.
A queda do CDS reduz o custo de captação para as empresas, favorecendo novos investimentos, e estimula a entrada de recursos numa economia.
Ao longo dos últimos meses, os CDS de países emergentes tem recuado por causa do cenário internacional benigno. A esperada redução de estímulos pelo Banco Central Europeu (BCE) ainda não ocorreu, e o Federal Reserve, banco central norte-americano, parece mais distante de promover um novo aumento de juros, ao menos neste ano, após dois aumentos.
Enquanto essa combinação continuar, os investidores devem seguir com apetite por risco e, dessa forma, em busca de ativos de emergentes.
Na esteira dessa melhora global, o Brasil acaba tendo a seu favor o andamento da agenda de reformas, sobretudo na área fiscal, e a expectativa de retomada de crescimento a partir de 2017, depois de dois anos de recessão.
"Se não tivesse ocorrido essa melhora doméstica, não teríamos visto esse avanço na percepção de risco", disse o economista da corretora Guide investimentos, Ignácio Crespo Rey.
O Brasil ainda conta com um setor externo robusto, o que dá uma certa tranquilidade para investidores. Em julho, as reservas internacionais somavam 381 bilhões de dólares.
"Se o investidor estrangeiro estiver disposto a tomar risco, ele olha para os países com reservas cambiais elevadas. Ele compra títulos, investe na bolsa, porque não teria dificuldade de sair do país quando quiser", afirmou o economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani.