Por Jeffrey Heller
JERUSALÉM (Reuters) - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem criticado incansavelmente o governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, devido ao que classificou como decisão "vergonhosa" de não vetar uma resolução no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que pede a suspensão da construção de assentamentos israelenses.
Mas como o governo de Obama se aproxima do fim, o republicano Donald Trump está prestes a assumir a Casa Branca e um pacote de ajuda militar de 38 bilhões de dólares de Washington é um fato consumado, trata-se de um risco calculado para o premiê direitista, já em seu quarto mandato.
Depois do que críticos avaliaram como uma derrota contundente na arena internacional, Netanyahu já está manobrando para minar os sentimentos – arraigados entre muitos compatriotas – de que seu país e suas políticas referentes aos palestinos são majoritariamente criticadas em um mundo no qual conflitos mais mortíferos estão em curso.
Agora ele tenta congregar os israelenses procurando retratar a resolução antiassentamentos como um desafio ao clamor de soberania de Israel à totalidade de Jerusalém.
O gesto se somou a uma visita não programada, durante o feriado do Hanukkah, ao Muro das Lamentações, um dos locais sagrados do judaísmo, localizado na Cidade Velha de Jerusalém, no setor leste, e conquistado na Guerra dos Seis Dias de 1967, juntamente com a Cisjordânia.
Que Jerusalém como um todo é a capital do país é um consenso entre os israelenses, incluindo aqueles que têm dúvida sobre a sensatez de Netanyahu ao apoiar os assentamentos na Cisjordânia.
Os palestinos querem Jerusalém Oriental como a capital de um futuro Estado, e no passado Washington chegou a aceitar uma visão internacional segundo a qual o status da cidade deve ser determinado em futuras conversas de paz. Já Trump prometeu reverter décadas de política norte-americana transferindo a embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém.
"Não planejei vir aqui esta noite, mas à luz da resolução da ONU achei que não existe lugar melhor para acender a segunda vela do Hanukkah do que o Muro das Lamentações", disse Netanyahu durante o evento.
"Pergunto àqueles mesmos países que nos desejam um feliz Hanukkah como poderiam votar a favor de uma resolução da ONU que diz que este lugar, no qual estamos comemorando o Hanukkah agora, é um território ocupado?".
No domingo, durante a reunião semanal de seu gabinete, Netanyahu rejeitou a negativa da Casa Branca e voltou a acusar a gestão Obama de se aliar aos palestinos na manobra contra os assentamentos na ONU, que a maioria das nações considera ilegais e que Washington descreve como ilegítimos.