Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A popularidade do presidente Michel Temer piorou, mostrou pesquisa CNI/Ibope nesta sexta-feira, em meio a reformas controversas promovidas pelo governo, capitaneadas pela previdenciária, desemprego alto e notícias sobre corrupção no meio político.
A avaliação ruim/péssimo do governo subiu para 55 por cento em março, ante 46 por cento em dezembro do ano passado, enquanto a aprovação positiva (ótimo/bom) do governo oscilou para 10 por cento, ante 13 por cento em dezembro. A desaprovação à maneira de governar de Temer passou a 73 por cento dos entrevistados, contra 64 por cento no levantamento passado.
“O governo está tomando medidas controversas, medidas duras e isso provavelmente é uma das causas dessa queda de popularidade”, disse o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.
Para o gerente-executivo, a situação econômica também deve ser levada em conta quando se avalia a popularidade do governo.
“Há uma correlação muito forte entre popularidade do governo e a situação econômica do país”, afirmou Fonseca.
A despeito do discurso do governo de que a economia já começa a mostrar sinais de recuperação, a atividade econômica do Brasil iniciou 2017 com ritmo maior de contração do que o esperado, segundo informou o Banco Central nesta manhã, enquanto a taxa de desemprego, medida pelo IBGE, subiu para novo recorde no trimestre encerrado em fevereiro, levando o número de trabalhadores sem emprego a 13,5 milhões.[nL2N1H80FR][nL2N1H80HW]
“Com essa taxa de desemprego, claramente tem uma insatisfação muito grande da população com a situação econômica e isso reflete muito forte na avaliação do governo”, avaliou Fonseca, acrescentando que as denúncias de corrupção envolvendo inclusive membros do governo também não podem ser deixadas de lado como possíveis fatores da queda de popularidade.
O número daqueles que disseram aprovar a forma de governar de Temer também recuou, para 20 por cento, ante 26 por cento no fim de 2016. Assim como caiu o percentual das pessoas que afirmaram confiar no presidente: 17 por cento agora ante 23 por cento em março. Os que não confiam em Temer passaram de 72 por cento para 79 por cento. Aqueles que consideram o governo regular somaram 31 por cento, contra 35 por cento, segundo o levantamento.
A primeira posição entre as notícias mais lembradas pela população, mostrou a pesquisa, ficou com as discussões sobre a reforma da Previdência, sendo citada por 26 por cento dos entrevistados, à frente de notícias relacionadas à Lava Jato e investigações de corrupção na Petrobras (SA:PETR4) (9 por cento).
Notícias sobre corrupção no governo (5 por cento), manifestações (4 por cento) e paralisações no país (3 por cento), o aumento desemprego (2 por cento), e sobre declarações do ministro Fazenda sobre a possibilidade de aumento de impostos (1 por cento) também foram elencadas. A liberação do saque do FGTS foi lembrada por apenas 2 por cento dos entrevistados.
Entre as áreas de atuação do governo, 85 por cento disseram desaprovar as ações e políticas adotadas em relação aos impostos, e 77 por cento não aprovam as ações de combate ao desemprego.
A pesquisa também questionou os entrevistados a respeito de comparação do governo Temer com a gestão anterior, de Dilma Rousseff, e 41 por cento disseram considerar a atual administração pior que a da petista; eram 34 por cento em dezembro.
Para 18 por cento o atual governo é melhor que o passado (21 por cento na pesquisa anterior), enquanto 38 por cento disseram considerar ambos iguais (42 por cento).
A pesquisa ouviu 2.000 pessoas em 126 municípios entre 16 e 19 de março. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
(Edição de Alexandre Caverni)