Arena do Pavini - A forte alta das bolsas ao redor do mundo pode ser o início de uma bolha que levará os mercados ainda mais para cima, o que pode trazer ganhos para o investidor. A avaliação é de Marcelo Faria, gestor de renda variável da Porto Seguro (SA:PSSA3) Investimentos. Ele acredita que o investidor ainda pode ganhar com o processo de valorização das ações, que ainda vai continuar, aproveitando os movimentos de realização de lucros para comprar. “Se estivermos vendo o início de uma formação de uma bolha, porque a euforia não chegou ainda, a estratégia seria comprar nas quedas”, disse, durante webcast promovido pela gestora hoje. “Cada queda pode representar uma oportunidade de aumentar a posição”, explica. Faria diz que o fundo de ações ativo da casa segue com 100% de exposição, otimista com o mercado, e que a gestora está aproveitando para lançar também um fundo de ações de empresas de qualidade.
Homem das bolhas
Para o gestor, a grande pergunta dos analistas diante dos recordes das bolsas é se o mercado vai caminhar para uma bolha ou se já está numa bolha. Por isso, será preciso por isso monitorar muito bem os mercados ao longo deste ano. Faria cita o gestor americano Jeremy Grantham, do fundo GMO, de Boston, que previu a Bolha da Internet nos anos 2000 e a do Subprime em 2008.
Aos 79 anos, Grantham disse recentemente que vê sinais de que o mercado acionário americano está no início de uma nova disparada que deve terminar em uma forte queda nos próximos seis meses a dois anos. As estimativas de Grantham, um gestor visto como mais pessimista em suas análises, são de que o mercado poderá cair de 50% a 90%, dependendo da intensidade da bolha.
De olho na televisão do bar
Ele cita a aceleração dos preços das ações americanas, uma concentração das altas em algumas ações e grande cobertura da imprensa de eventos como a disparada dos Bitcoins e das ações da Amazon como sinais de que uma bolha está se formando. Grantham aconselha ao investidor ficar de olho nas televisões dos bares e restaurantes. “Quando temos mais comentaristas falando de Amazon, Tencent e Bitcoins do que replays de jogos de futebol, como em 1999 tínhamos sobre as notícias de empresas como Pets.com, nós provavelmente vamos ter baixas na bolsa nos próximos meses”, alerta.
Ainda na fase pré-bolha
Faria cita a definição de Grantham para bolha, que é um movimento do mercado em que excelentes fundamentos são extrapolados pelos investidores de maneira eufórica, levando à disparada dos preços para níveis muito além do racional. “Ainda não vimos a economia mundial andar bem desde 2008 e este ano vai ser o primeiro”, avalia. “Não vimos, portanto, uma aceleração de preços baseada em fundamentos, por isso acho que estamos em uma fase pré-bolha, de aquecimento, em que os preços começam a acelerar, o que deve continuar nos próximos meses”, diz. O risco de estouro da bolha estaria, portanto, depois dessa fase, com o aumento da euforia, processo que ainda não começou.
O gestor destaca o comportamento do mercado brasileiro neste mês, começando forte com expressiva entrada de capitais estrangeiros. “Acredito que a gente pode ver mais aceleração de preços e qualquer queda pode ser um ponto de entrada para investidores”, afirma.
Sobre quais empresas podem se sair melhor, Faria acha que empresas de maior valor, com melhor qualidade, podem tem melhor risco retorno, especialmente em ano mais volátil. São empresas com bom posicionamento estratégico, com barreiras de entrada, e balanço não desequilibrado e que vão bem tanto no crescimento da economia quanto nas dificuldades.
Renda fixa, aposta no ganho real
Com relação à renda fixa, o gestor Ricardo Espindola lembra que os juros dos títulos prefixados mais curtos do governo já recuaram bastante e mesmo os mais longos, que têm algum prêmio, sofrem com o risco da eleição no Brasil e de alta das taxas no exterior. Por isso, os fundos de renda fixa da Porto Seguro aumentaram as aplicações em NTN-B mais longa, que pagam juros reais ainda elevados. “Acreditamos na continuidade da agenda de reformas no Congresso, mesmo que em uma velocidade menor, e com isso o juro real longo tem espaço para cair”, afirma.
Segundo Espindola, os prefixados curtos já estão bem ajustados e os longos, que ainda tem algum ganho, são muito arriscados e mais voláteis. “Preferimos as NTN-B mais longas com taxas perto de 5,40% ao ano mais IPCA”, diz.
Por Arena do Pavini