Cidade do Panamá, 10 jul (EFE).- A suspensão dos voos com aviões Boeing (NYSE:BA) 737 MAX após dois acidentes fatais ocorridos em menos de um ano em Indonésia e Etiópia causou um forte impacto à panamenha Copa Airlines, segundo o próprio presidente-executivo da companhia aérea, Pedro Heilbron, que planeja discutir uma compensação com a multinacional americana responsável pela fabricação do modelo.
"O impacto que temos é forte, temos seis aeronaves paradas no Panamá e outras três estacionadas na fábrica da Boeing. Estamos com menos nove aeronaves, e isso nos obrigou a cancelar voos de forma regular todos os dias e a mudarmos alguns itinerários do voo", declarou o executivo nesta quarta-feira, no evento de abertura do novo Centro de Manutenção da Copa Airlines, no aeroporto de Tocumen, o principal do Panamá.
Cerca de 30 países, incluindo o Brasil, vetaram os voos com o MAX 737 após os acidentes com os voos 610 da Lion Air (em outubro de 2018) e 302 da Ethiopian Airlines (em março de 2019), que, somados, causaram quase 350 mortes. As quedas teriam ocorrido, aparentemente, devido a um problema no software de controle de voo conhecido como MCAS.
No dia 13 de março, a Copa anunciou a suspensão de forma imediata da operação de seus seis aviões Boeing 737 MAX 9.
No ano passado, a Copa incorporou a sua frota os primeiros Boeing desse modelo, de uma encomenda de 71 unidades. Na época, a companhia aérea destacou que adquiria a frota por seu menor consumo e efeito menos poluente.
"Neste ano, a Copa não está crescendo, porque está sem aeronaves. Enquanto esta situação continuar, não vamos ter crescimento algum, porque não temos a quantidade de aviões", alertou Heilbron.
"A Copa não terminou de calcular os custos desta crise, porque ela não acabou, mas assim que os aviões voltarem a voar, teremos o calculo final e nos sentaremos com a Boeing para discutir sobre como será a compensação", acrescentou.
Heilbron disse que a previsão é de que os 737 MAX voltem a voar de setembro a outubro deste ano, depois que a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) revise minuciosamente o funcionamento das aeronaves.
Já o diretor executivo da Associação Latino-americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), o brasileiro Luis Felipe Oliveira, reconheceu que a crise com os Boeing MAX 737 "afeta a possibilidade de crescimento de várias companhias aéreas da região".
"Porém, temos certeza de que, muito em breve, tanto a Boeing como os reguladores internacionais encontrarão soluções no tema de segurança aérea, a nossa prioridade número 1", frisou.
No dia 26 de junho, a FAA revelou ter encontrado outro "risco potencial" no software dos Boeing 737 MAX. Por sua vez, a fabricante disse então que o risco que a FAA identificou está nas mudanças no software realizadas nos últimos oito meses, após expressar que estava "de acordo com a decisão e o pedido" da autoridade americana a respeito.
A companhia tinha anunciado em maio ter completado a atualização do software e finalizado os testes correspondentes, com 207 voos e mais de 360 horas no ar, em preparação para que as aeronaves possam voltar a voar.