Por Marc Frank
HAVANA (Reuters) - O presidente de Cuba, Raúl Castro, criticou duramente as políticas imigratória e comercial, entre outras, do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no domingo, no momento em que o novo governo dos EUA estuda a frágil reaproximação da ilha comunista iniciada pelo antecessor Barack Obama.
Nos primeiros comentários críticos dirigidos a Trump desde que o republicano tomou posse em janeiro, Raúl classificou sua política comercial de "egoísta" e seu plano de construir um muro ao longo da fronteira com o México de "irracional".
O discurso de Raúl, feito durante uma cúpula de líderes de esquerda na Venezuela, foi transmitida pela televisão estatal na noite de domingo.
Antes de assumir, Trump ameaçou acabar com a reaproximação entre os ex-inimigos da Guerra Fria a menos que um "acordo melhor" pudesse ser obtido, sem dar detalhes.
No mês passado a Casa Branca disse estar no meio de uma "revisão completa de todas as políticas dos EUA para Cuba".
Raúl disse em seu discurso: "A nova agenda do governo dos EUA ameaça desencadear uma política comercial extrema e egoísta que irá afetar a competitividade de nosso comércio exterior; violar acordos ambientais... caçar e deportar imigrantes".
O líder cubano afirmou que a imigração se deve à desigualdade e à pobreza crescentes causadas por um sistema econômico internacional injusto e que um muro na fronteira mexicana é, consequentemente, "irracional" e voltado a todos os latino-americanos, e não só aos mexicanos.
"Você não consegue conter a pobreza, catástrofes e migrantes com muros, mas com cooperação, compreensão e paz", disse.
Na tentativa de reverter mais de 50 anos de esforços norte-americanos que recorreram à força para obrigar Cuba a mudar, Obama e Raúl concordaram em trabalhar para normalizar as relações em dezembro de 2014.
Desde então os vizinho restabeleceram os laços diplomáticos e assinaram acordos de cooperação.