Por Mark Bendeich
DAVOS (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira que a proposta de reforma da Previdência que está sendo estruturada pelo governo pode render uma economia de 700 bilhões a 1,3 trilhão de reais em dez anos, podendo chegar a dois terços a mais do que o esforço do governo anterior, que falhou.
Em entrevista à Reuters durante o Fórum Econômico Mundial na estação de esqui suíça de Davos, Guedes ressaltou a dimensão de uma reforma previdenciária que investidores consideram a pedra fundamental da agenda econômica do presidente Jair Bolsonaro.
"Estamos estudando os números e eles variam de 700 a 800 bilhões a 1,3 trilhão de reais, então é uma reforma significativa e nos dará um importante ajuste estrutural fiscal", disse Guedes.
"Isso terá um poderoso efeito fiscal e vai resolver por 15, 20, 30 anos", disse ele, que acrescentou mais tarde: "É isso ou seguimos (o caminho da) Grécia".
Os investidores saudaram as promessas de Bolsonaro de abrir a economia brasileira, reduzir e simplificar os impostos e privatizar estatais. O principal índice da Bovespa atingiu nova máxima recorde e o dólar caiu após seis altas.
A proposta de reforma do governo anterior, de Michel Temer, originalmente previa economia de 800 bilhões de reais em 10 anos antes de parlamentares fazerem emendas que reduziram a economia estimada a 480 bilhões de reais. A proposta foi abandonada conforme escândalos atingiram o governo Temer.
Uma importante fonte do Ministério da Economia disse à Reuters na quarta-feira que o governo vai usar o discurso de justiça social e combate às fraudes como principal arma na estratégia de comunicação da reforma da Previdência para aprová-la no Congresso até o meio do ano.
Segundo a fonte, ao não detalhar até o momento as linhas mestras da proposta que apertará as regras para a aposentadoria, o governo quer evitar a oposição de setores que serão diretamente afetados pelas mudanças.
IMPOSTO DE RENDA
Sobre o Imposto de Renda cobrado das empresas, Guedes disse que o governo analisa reduzir a alíquota de 34 para 15 por cento. Esse corte "brutal" seria compensado pela taxação de dividendos, hoje isentos, pontuou Guedes. Segundo ele, essa mudança aumentará a competitividade.
Guedes disse ainda que o governo pretende reduzir a carga tributária do Brasil para 30 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), de 36 por cento atualmente.
O ministro sinalizou também que o governo considera extinguir 50 estatais num prazo de 3 a 5 meses.