BRASÍLIA (Reuters) - O projeto do governo para acabar com a desoneração sobre a folha terá dificuldade de ser votado no plenário da Câmara dos Deputados, afirmou nesta quarta-feira o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), apontando que a investida pode ter como consequência o aumento do desemprego.
Mais cedo nesta quarta-feira, a comissão mista que analisa a medida provisória 774, que trata do assunto, aprovou o texto da proposta, mas estabelecendo sua aplicação a partir de janeiro de 2018.
O texto originalmente enviado pelo governo federal previa vigência da reoneração a partir deste mês, o que renderia ao governo cerca de 4,8 bilhões de reais no ano, pelos cálculos iniciais da equipe econômica.
"É uma matéria polêmica, mas em um momento de crise que Brasil vive alguns setores vão ter que demitir para ajustar seus custos quando for sancionada, então vamos ter que ver com cuidado o que foi aprovado", disse Maia.
"Eu já disse ao ministro (da Fazenda, Henrique) Meirelles que era uma matéria muito difícil e vai ter dificuldade no plenário. Entendemos a necessidade de caixa do governo, mas não sei se reonerar e gerar desemprego isso ativa e entra no caixa ou desestimula nesse momento que Brasil vive de alguma recuperação econômica", acrescentou.
Pela proposta inicial do governo, a reoneração atingiria cerca de 50 setores, sem valer, contudo, para os setores de comunicação, transporte coletivo rodoviário, metroviário e ferroviário de passageiros, além de construção civil e para obras de infraestrutura.
Nesta quarta-feira, a comissão especial beneficiou também o setor de transporte rodoviário de cargas, de máquinas e equipamentos industriais e agropecuários, e fabricantes de ônibus e carrocerias de ônibus.
Após ser apreciada no plenário da Câmara, a matéria seguirá ainda para votação no Senado.
(Por Marcela Ayres)