(Reuters) - O Comitê de Política Monetária do Banco Central cortou nesta quarta-feira, em decisão unânime, a taxa de juros em 0,25 ponto porcentual, para 14 por cento ao ano, no primeiro corte da Selic em quatro anos.
"O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta para 2017 e 2018 é compatível com uma flexibilização moderada e gradual das condições monetárias", informou o BC em comunicado. "O Comitê avaliará o ritmo e a magnitude da flexibilização monetária ao longo do tempo, de modo a garantir a convergência da inflação para a meta de 4,5 por cento", acrescentou.
Veja abaixo comentários sobre a decisão:
JOSÉ FRANCISCO DE LIMA GONÇALVES, ECONOMISTA-CHEFE, BANCO FATOR
"Eu estava com corte de 0,50 ponto porcentual. Esse movimento dá uma esfriada nas expectativas para a próxima reunião, mas na curva de juro deve ser (precificada) um corte de 0,50 ponto porcentual.
"Na minha opinião, a questão da inflação dos serviços claramente está passando. Conseguiu baixar de 8 por cento no início do ano para 7 por cento. Se isso não é uma desinflação razoável, não sei o que é.
"Sem surpresas, sem nenhuma coisa grave na política que crie uma incerteza forte e persistente ou sem choque de alimentos, por exemplo, dá para os juros chegarem 9 por cento antes do fim do ano que vem."
TATIANA PINHEIRO, ECONOMISTA, BANCO SANTANDER
"Até o final de novembro ... já deve estar quase que concluído o processo de aprovação (da PEC dos gastos) na Câmara e no Senado. Então, é bastante alta a probabilidade dos fatores serem favoráveis e ter intensificação do ritmo de corte de juros.
"A gente acredita que para novembro o Banco Central deve acelerar o ritmo de corte para 50 pontos básicos, terminando o ano a 13,50 por cento.
"A próxima discussão deve ser em qual momento a gente pode ver no Brasil a taxa de juros voltando a um dígito. A gente acredita que isso deve ser alcançado ainda nesse ciclo que se iniciou hoje de afrouxamento monetário.
"Sempre tem o risco externo. Mas pelo cenário doméstico, a gente acredita que é um ciclo longo (de corte de juros.)"
PATRÍCIA PEREIRA, GESTORA DE RENDA FIXA, MONGERAL AEGON INVESTIMENTOS
"Estávamos mais na linha de um corte de 0,25 ponto percentual nesse cenário de gradualismo citado pelo Banco Central. Ele deixou bem claro que pode ter muita informação até a próxima reunião e esse gradualismo pode passar para um corte de 0,50 p.p.
"Do lado fiscal, tem coisa boa para ver até a próxima reunião. Até lá, a PEC do teto vai ter passado na Câmara, e vai estar se encaminhado para a votação final do Senado ou até já ter passado."
THAÍS MARZOLA ZARA, ECONOMISTA-CHEFE, ROSERNBERG ASSOCIADOS
"É um comunicado bastante duro. Ele sinalizou que para aumentar a magnitude do corte vai precisar de condições favoráveis tanto de alguns componentes do IPCA quando da implementação dos ajustes.
"Então a princípio ele mantém o ritmo de 0,25 p.p. Só se ele tiver uma melhora nesses fatores que ele vai intensificar pra meio (ponto percentual). Foi um comunicado mais conservador do que a gente estava esperando.
"A princípio a gente vai esperar a ata, mas provavelmente a gente vai mudar para 0,25 por cento (a expectativa para corte em novembro, ante previsão anterior de 0,5 ponto)."
ZEINA LATIF, ECONOMISTA-CHEFE, XP INVESTIMENTOS
"Eu acho que o Banco Central optou por essa estratégia mais conservadora por uma questão de reputação, ainda está preocupado com a imagem.
"Eu esperava um corte de 0,50 ponto porcentual, mas ninguém estava com grande convicção. Se for para repetir o corte de 0,25 ponto percentual, é importante fazer como o BC e deixar a porta aberta para o novo corte de 0,25 ponto porcentual. E nisso ele está certo."
(Reportagem de Luiz Guilherme Gerbelli em São Paulo, Marcela Ayres e Sílvio Cascione, em Brasília)