SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central reduziu nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 12,25 por cento ao ano, mantendo o ritmo de afrouxamento monetária observado na última reunião, em um movimento amplamente esperado pelo mercado.
Em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) ressaltou que a intensificação do processo de corte de juros vai depender da "evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação".
A seguir comentários sobre a decisão do Copom:
MAURÍCIO MOLAN, ECONOMISTA-CHEFE, BANCO SANTANDER
"O mais provável é que ele (BC) reduza na próxima (reunião) em 0,75 ponto, mas se surgir uma evolução favorável, surpresas positivas no lado de inflação, negativas do lado de atividade ou apreciação do câmbio, está pronto para partir para 1 ponto (de corte). Mas não conto com essas surpresas.”
RAPHAEL ORNELLAS, ECONOMISTA, BANCO BRASIL PLURAL
"Veio um statement bastante neutro, mas nada que impeça um corte maior na próxima reunião. O ponto que chamou a atenção é a questão da taxa de juros neutra. Isso passa a mensagem de que ele está mais preocupado com o tamanho do afrouxamento do que o ritmo propriamente dito. Mantenho a projeção de corte de 0,75 ponto da Selic em abril."
JOSÉ FRANCISCO GONÇALVES, ECONOMISTA-CHEFE, BANCO FATOR
"Fizeram o que sugeriram que iram fazer. Eu acho isso correto, embora não concorde com o ritmo de queda dos juros. No comunicado, tentaram não dizer muita coisa. Enxugaram muito. Ficou um negócio mais curto, mas a sinalização é francamente favorável de continuidade do ciclo de queda dos juros. O comunicado também tirou da frente vários empecilhos anteriores, como a questão preços sensíveis ao comportamento da atividade, e maneirou corretamente na avaliação de risco.
"A próxima reunião eu acho que ele pretende manter o ritmo de 0,75 ponto percentual."
JOSÉ MÁRCIO CAMARGO, ECONOMISTA, OPUS GESTÃO DE RECURSOS
"A decisão já era esperada. Não vejo surpresas. O comunicado na maior parte é neutro, o que indicaria uma maior probabilidade de outra redução de 0,75 ponto percentual. Mas o penúltimo parágrafo do comunicado -- que fala que intensificação do ritmo dependerá da evolução da atividade econômica e dos demais fatores de risco e das projeções -- indica que o BC deve avaliar os próximos 45 dias e pode até intensificar o ritmo de corte."
CARLOS KAWALL, ECONOMISTA-CHEFE, BANCO J.SAFRA
"O mais importante foi que o BC confirmou as expectativas. Acho que ele está bem mais tranquilo com a ancoragem das expectativas, com a convergência da inflação à meta no horizonte relevante tanto este ano quanto no ano que vem.
"Diria que abriu-se uma porta para um movimento de 100 pontos básicos na próxima reunião. Até a próxima a reunião tem um (ponto) que é bastante crítico, que é a evolução da (reforma) Previdência. É claro que ele também olhará os demais elementos de inflação e atividade."
"Acho que essa idéia de corte de 100 pontos básicos já parecia uma hipótese possível, (mas) vou manter call de 0,75 ponto percentual."
(Reportagem de Sílvio Cascione e Marcela Ayres, em Brasília, e Luiz Guilherme Gerbelli, em São Paulo)