Investing.com - A reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) com diretores do Fed na última quarta-feira foi um dos momentos mais aguardados da semana que se iniciou no dia 17/12. Os investidores aguardavam mais uma elevação dos juros e revisão da estratégia de aumentos em 2019 ante a volatilidade dos mercados acionários receosos com a crescente incerteza sobre a desaceleração econômica americana e global.
Os diretores do Fed confirmaram a previsão do mercado. Aumentaram os juros em 0,25 ponto percentual, a quarta elevação no ano e a nona desde o início do atual ciclo de aperto monetário em dezembro de 2015. Além disso, anunciou a diminuição de 3 para 2 os aumentos de juros ao longo de 2019, avisando que “continuará a monitorar a economia global, o desenvolvimento do mercado financeiro e suas implicações à economia global”.
Mesmo assim, o mercado acionário não reagiu bem. A manutenção dos planos de reduzir o tamanho do balanço atual da instituição em US$ 50 bilhões por mês e a manutenção de um cenário mais positivo do que o projetado pelo mercado foram interpretados como a continuação dos planos de aperto monetário do banco central americano, levando a vendas generalizadas de ações pelo mundo.
O Ibovespa perdeu mil pontos em 15 minutos após a decisão, revertendo uma alta de 1,7% em uma derrubada de 1,08%. O resultado do dia na bolsa brasileiro seguiu o pessimismo das bolsas americanas, com Dow Jones fechando em queda de 1,49%, o S&P 500 em baixa de 1,54% e o índice Nasdaq de empresas de tecnologia caindo 2,17%.
O aperto monetário prosseguiu mesmo com revisão de índices macroeconômicos que apontam para uma desaceleração da economia dos EUA. A nova previsão do crescimento do Produto Interno Bruto para 2019 é de 2,3%, ante 2,5% em setembro, enquanto a projeção de inflação para o ano que vem foi revista para 1,9%, contra 2% em setembro, abaixo da meta informal de inflação do Fed de 2%, com a previsão da taxa de desemprego se mantendo em 3,5% - o menor patamar em 29 anos.
Em sua análise no Investing.com, Darrell Delamaide questiona o prosseguimento de um aperto monetário mais dovish mesmo com a revisão para baixo das projeções de inflação e do PIB. Seguir a estratégia de aperto sob um quadro de desaceleração econômica à frente, na visão de Delamaide, foi uma resposta a qualquer tentativa de interferência política na condução da política monetária pelo presidente Donald Trump.
O líder americano deu declarações contrárias à elevação de juros, pois o aperto monetário atrapalharia os planos da Casa Branca de impulsionar a economia em meio a uma guerra comercial contra a China e com o preço do petróleo em queda. Mesmo assim, o presidente americano, em entrevista à Reuters antes da decisão, deu indicativo que iria respeitar a decisão do Fed.