Por Alexandra Ulmer
CARACAS (Reuters) - Multidões de Venezuelanos se reuniam do lado de fora de alguns supermercados de Caracas neste sábado após o governo do presidente Nicolás Maduro obrigar estabelecimentos a reduzirem seus preços, no tumulto mais recente da crise de escassez de alimentos do país.
Autoridades ordenaram na sexta-feira que supermercados reduzissem os preços a níveis de um mês atrás, uma redução drástica dada a hiperinflação da Venezuela.
Em um dos supermercados, centenas de pessoas incluindo bebês, pensionistas e crianças com deficiências se reuniam em cenas caóticas.
"Estamos com fome! Queremos comida!", gritavam.
"Na minha casa, não comemos três vezes por dia", disse Mileidy Acosta, de 28 anos, com três crianças. "As pessoas estão cansadas. Uma pessoa que ganha um salário mínimo não pode comprar nem molho de tomate."
Maduro elevou o salário mínimo este ano, mas com a taxa de câmbio no mercado negro essa renda representa apenas 2 dólares por mês.
A moeda venezuelana se enfraqueceu 98 por centro ante o dólar norte-americano no último ano.
Além da fome que afeta milhões, escassez de medicamentos levou a mortes desnecessárias. Longas filas nos supermercados e pessoas se alimentando de restos no lixo são cenas comuns.
O governo de Maduro culpa a oposição, os Estados Unidos e empresários pelos problemas e afirma que estão travando uma "guerra econômica" contra seu governo.
Os críticos, por sua vez, apontam como causa da situação atual para controles rígidos do câmbio e dos preços, adotados inicialmente há mais de uma década, e uma política econômica mal planejada.