Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - A Polícia Federal disse nesta quarta-feira que há indícios de que os quatro presos suspeitos de terem realizado um ataque cibernético contra o telefone celular do ministro da Justiça, Sergio Moro, podem ter hackeado o aparelho do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em pronunciamento em Brasília, em que deram alguns detalhes da investigação, mas não responderam a perguntas da imprensa, integrantes da PF que participam das investigações disseram ainda que, nas operações de busca e apreensão realizadas junto com as prisões na terça, foi detectado que mil números de telefone podem ter sido alvos de ciberataques dos suspeitos.
"Algumas constatações que já foram possíveis em relação ao que nós vínhamos analisando previamente e estão, aparentemente, se confirmando neste momento --ainda não é nada muito certo-- mas nós estamos estimando... aproximadamente mil números telefônicos diferentes foram alvos deste mesmo modus operandi por essa quadrilha", disse o delegado da Polícia Federal João Vianey Xavier Filho.
"Então há a possibilidade realmente de um número grande de vítimas deste tipo de ataque, que está sendo investigado agora", disse o delegado.
Também presente no pronunciamento, o perito da PF Luiz Spricigo Júnior disse que os agentes encontraram no celular de um dos suspeitos presos um atalho com o nome de Guedes que indica que os suspeitos foram responsáveis pelo ciberataque contra o titular da Economia.
"Ontem pela manhã foi amplamente divulgado que o ministro Paulo Guedes havia sido hackeado e numa busca e apreensão, no celular do indivíduo estava uma conta no aplicativo de mensagens vinculado com o nome Paulo Guedes. A gente tem que confirmar isso de forma pericial, mas é um forte indicativo de que a conta seja realmente a do ministro", disse Spricigo.
Os policiais federais também disseram que foram encontrados na casa de um dos suspeitos pouco menos de 100 mil reais em espécie.
Na terça, a PF prendeu três homens e uma mulher suspeitos de terem hackeado os celulares de Moro, de um desembargador, de um juiz federal e dois delegados da PF.
Na decisão que determinou as prisões temporárias dos quatro suspeitos, o juiz da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, Vallisney Oliveira, disse que as investigações apontaram volume de movimentação financeira incompatível com as rendas declaradas por um dos homens e pela mulher suspeita.
Embora ambos tenham renda mensal na casa dos 2 mil reais cada um, o volume movimentada em suas contas em poucos meses superou os 600 mil reais. Para o magistrado, que também autorizou a quebra de sigilo bancários dos suspeitos, essa incompatibilidade pode indicar que eles receberam dinheiro de um patrocinador para realizar os ataques cibernéticos.