Investing.com – Conforme agentes do mercado esperam o último relatório de emprego nesta sexta-feira, dados prévios e palavras enérgicas de membros do Fed sugeriram que os números nos dados do governo teriam que ser muito graves para impedir que o banco central norte-americano avance para a próxima fase de remoção da política monetária acomodatícia, enquanto há também risco de que um relatório positivo possa aumentar as apostas de um aperto menos gradual da política monetária.
O Ministério do Trabalho norte-americano divulgará seu relatório de folhas de pagamento não agrícolas na sexta-feira às 10h30 em horário de Brasília.
O consenso das previsões aponta que os dados mostrarão aumento do número de empregos em 200.000, na sequência de uma queda de 227.000 em janeiro, taxa de desemprego em queda de 0,1% para 4,7% ao passo que os ganhos médios pro hora devem aumentar 0,3% após terem subido 0,1% no mês anterior.
As expectativas estão altas quanto aos dados oficiais do governo após o relatório mensal da ADP mostrar na quarta-feira que as contratações subiram no mês passado, com a economia criando nada menos do que 298.000 empregos no último mês, a leitura mais positiva em quase 11 anos.
Além dos dados da ADP, Kathy Lien, diretora administrativa de estratégia cambial para a BK Asset Management, observou que evidências de bons resultados em folhas de pagamento não agrícolas foram vistos na elevação do componente de nível de emprego do índice ISM não manufatura, dados da Challenger mostram 40% na redução dos empregos, a média de pedidos de seguro desemprego em quatro semanas (que é menos volátil) caiu para 236.000 junto com a diminuição em pedidos contínuos para 2,058 milhões e o fato de que a confiança do consumidor atingiu os mais altos níveis desde julho de 2001.
Observações de vários decisores também definiram um patamar alto para que o banco central continue na direção de aperto na política monetária com atenção especial ao discurso de Janet Yellen, presidente do Fed, no Executives’ Club de Chicago em 3 de março, pouco antes do período de blackout.
“Em nossa reunião ainda este mês, o comitê avaliará se o nível de emprego e inflação continuam a evoluir de acordo com nossas expectativas, no qual um futuro ajuste na taxa dos fundos federais seria apropriado”, afirmou Yellen.
“Possivelmente, o Fed acabará com o mistério na próxima reunião do FOMC sinalizando muito claramente que uma elevação na taxa de juros está vindo”, Tim Duy, diretor do Fórum Econômico de Oregon, escreveu.
Posições enérgicas ou apaziguadores do Fed dependem do relatório de empregos.
“O que poderia retê-los neste ponto? Apenas um completo desastre em um relatório de emprego”, afirmou Duy.
O Dankse Bank expressou a mesma opinião e incluiu o que considera ser a “definição” de desastre:
“Provavelmente, precisaríamos ver o crescimento dos empregos abaixo de 100.000, uma taxa maior de desemprego e nenhuma melhora nos dados fracos de ganhos em janeiro antes dos membros do FOMC mudarem de ideia”, explicaram estes analistas em uma projeção.
Por outro lado, um relatório mostrando um grande aumento no nível de emprego gera o risco de elevar as posições enérgicas do Fed.
“Um aumento repentino nas contratações com um declínio no desemprego poderia ser um cartão vermelho para o Fed” e levá-los a se tornarem ainda mais agressivos este ano, de acordo com Duy.
“Isso daria a eles mais motivos para antecipar elevações da taxa de juros e, caso se repita no próximo relatório de emprego, abriria a possibilidade de um aumento em maio”, ele explicou.
“Política monetária não é uma trajetória pré-definida e gradualismo não é uma promessa, só uma expectativa”, concluiu este especialista.
Antes da divulgação, os mercados apontam atualmente que as chances da taxa de juros aumentar no anúncio de 15 de março estão em aproximadamente 89%, de acordo com o Monitor da Taxa da Reserva Federal do Investing.com.
As apostas já passam do patamar de 50% de chances de um segundo aperto monetário na reunião de julho, enquanto a probabilidade de que o Fed possa cumprir sua previsão de dezembro de três elevações da taxa de juros em 2017 está perto de 62%.