São Paulo, 3 out (EFE).- A ONG internacional Oxfam deu explicações nesta quinta-feira sobre um relatório da organização que denuncia a falta de interesse das grandes multinacionais do setor de alimentos, como Coca-Cola e PepsiCo, nos assuntos agrários e indigenistas do Brasil e sua suposta responsabilidade nos conflitos por terras no país.
"O que queremos é que as empresas comecem a competir para melhorar suas políticas e não para comprar terras onde estão as piores condições para a população", disse hoje em São Paulo Simon Ticehurst, diretor da Oxfam Brasil, quem comentou o estudo apresentado pela instituição.
A Oxfam divulgou na quarta-feira um relatório no qual as dez maiores multinacionais do setor tiveram um desempenho "ruim ou péssimo" em um estudo de qualificação elaborado pela ONG no Brasil e que levou em conta assuntos relacionados com recursos naturais, clima, transparência e direitos humanos, entre outros.
A instituição, que citou Coca-Cola, PepsiCo, Danone e Kellogs, entre outras, enfatizou a responsabilidade das companhias na compra de produção em terras desapropriadas.
No mundo todo, desde 2000, foram assinados mais de 800 acordos de aquisição de terras por parte de grandes multinacionais, que representam 33 milhões de hectares, equivalentes a quatro vezes o tamanho de Portugal.
No Brasil, o Mato Grosso do Sul foi o estado que teve o maior aumento de quantidade de terras destinadas à produção de açúcar, que passou de 99 mil hectares em 2000 para 399 mil em 2010.
A região é também a que tem os maiores conflitos agrários entre produtores e indígenas, com 58 litígios dos quais 93% são por demarcação de terras.
O secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto, disse à Agência Efe que existe uma "relação direta" entre a expansão dos cultivos de cana-de-açúcar e a pressão no Congresso dos chamados parlamentares "ruralistas" para a flexibilização da demarcação de terras.
"Quanto maior a demanda pelo plantio de cana-de-açúcar para produtos de exportação, mais difíceis e maiores são os conflitos enfrentados pelos índios, especialmente no Mato Grosso do Sul pela tribo Guarani Kaiowá", explicou Buzatto.
Segundo o representante do Cimi, as reformas propostas para flexibilizar a demarcação de terras, com os produtores de cana-de-açúcar no meio, "é parte de um conjunto de ações que estão na base de sustentação desses instrumentos de ataque aos direitos dos indígenas".
Sobre o assunto, Ticehurst afirmou que as multinacionais do setor "carecem de políticas suficientemente fortes para impedir que a apropriação e a disputa por terras façam parte de suas cadeias de fornecimento". EFE
"O que queremos é que as empresas comecem a competir para melhorar suas políticas e não para comprar terras onde estão as piores condições para a população", disse hoje em São Paulo Simon Ticehurst, diretor da Oxfam Brasil, quem comentou o estudo apresentado pela instituição.
A Oxfam divulgou na quarta-feira um relatório no qual as dez maiores multinacionais do setor tiveram um desempenho "ruim ou péssimo" em um estudo de qualificação elaborado pela ONG no Brasil e que levou em conta assuntos relacionados com recursos naturais, clima, transparência e direitos humanos, entre outros.
A instituição, que citou Coca-Cola, PepsiCo, Danone e Kellogs, entre outras, enfatizou a responsabilidade das companhias na compra de produção em terras desapropriadas.
No mundo todo, desde 2000, foram assinados mais de 800 acordos de aquisição de terras por parte de grandes multinacionais, que representam 33 milhões de hectares, equivalentes a quatro vezes o tamanho de Portugal.
No Brasil, o Mato Grosso do Sul foi o estado que teve o maior aumento de quantidade de terras destinadas à produção de açúcar, que passou de 99 mil hectares em 2000 para 399 mil em 2010.
A região é também a que tem os maiores conflitos agrários entre produtores e indígenas, com 58 litígios dos quais 93% são por demarcação de terras.
O secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto, disse à Agência Efe que existe uma "relação direta" entre a expansão dos cultivos de cana-de-açúcar e a pressão no Congresso dos chamados parlamentares "ruralistas" para a flexibilização da demarcação de terras.
"Quanto maior a demanda pelo plantio de cana-de-açúcar para produtos de exportação, mais difíceis e maiores são os conflitos enfrentados pelos índios, especialmente no Mato Grosso do Sul pela tribo Guarani Kaiowá", explicou Buzatto.
Segundo o representante do Cimi, as reformas propostas para flexibilizar a demarcação de terras, com os produtores de cana-de-açúcar no meio, "é parte de um conjunto de ações que estão na base de sustentação desses instrumentos de ataque aos direitos dos indígenas".
Sobre o assunto, Ticehurst afirmou que as multinacionais do setor "carecem de políticas suficientemente fortes para impedir que a apropriação e a disputa por terras façam parte de suas cadeias de fornecimento". EFE