BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente Michel Temer, que assumiu a articulação política do governo, firmou nesta quarta-feira com presidentes e líderes de partidos da base governista no Congresso acordo pelo reequilíbrio macroeconômico e estabilidade fiscal para apoiar o ajuste proposto pelo governo nas contas públicas.
O acordo, uma continuidade da conversa na terça-feira entre a presidente Dilma Rousseff e as lideranças aliadas no Congresso, prevê ainda evitar matérias legislativas que impliquem aumento de gastos ou redução de receitas.
"O manifesto faz uma avaliação do momento e coloca duas questões centrais para nós da base: primeiro, o compromisso de votarmos o ajuste com as eventuais melhorias que o Congresso patrocine; e segundo, também o compromisso de evitar votar matérias que impliquem em aumento de gastos e redução de receitas", disse o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
Intitulado "Acordo pelo reequilíbrio macroeconômico para a retomada do crescimento", o manifesto argumenta que o os "primeiros passos" para retomar o ritmo da economia envolvem reequilibrar as contas públicas e trazer a inflação para o centro da meta.
O documento é fruto da primeira reunião de Temer com lideranças aliadas desde o anúncio de que incorporaria a atribuição de coordenar a relação com o Congresso, na terça-feira.
O governo tem tido dificuldades com seus aliados, justamente num momento em que precisa aprovar no Congresso medidas para equilibrar suas contas.
Na tentativa de reduzir o atrito com a base e com seu maior aliado, o PMDB, Dilma transferiu a articulação política do governo para o vice-presidente da República Michel Temer, também presidente da sigla.
"Foi uma reunião de todos os líderes da base, não faltou ninguém. Do PMDB ao PCdoB, PTB, PP, PRB, PR, PT, PCdoB, enfim, todos os líderes da base", disse Guimarães, acrescentando que a escolha de Temer "dá outra musculatura" para a articulação política do governo e "estabiliza" a relação com o PMDB.
"Na hora que não tem estabilidade na relação entre PT e PMDB, o resto desagrega, não tem jeito", afirmou Guimarães.
TENDÊNCIA
Segundo Temer, o caminho natural é de melhora na relação entre governo e Congresso. Para isso, argumentou o vice, é necessário que a base seja reunificada em torno de projetos do governo.
"O diálogo continua muito sólido, eu tenho enfatizado que o Executivo só pode governar se tiver o apoio do Congresso Nacional, apoio no sentido político, mas também no sentido legislativo", disse Temer a jornalistas após a reunião.
Questionado sobre o papel do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, nesse modelo de negociação com o Congresso, o novo articulador político afirmou que o ministro participará das conversas com parlamentares, mas que "cada um tem as suas tarefas" no governo.
"Eu, por exemplo, não interferirei nas questões administrativas, mas farei, portanto, a articulação de natureza política", disse.
(Por Maria Carolina Marcello)