Por David Shepardson
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve adiar a decisão sobre tarifas de carros e peças importados em até seis meses, disseram três autoridades do governo à Reuters, evitando abrir outra frente em suas batalhas comerciais globais.
A expectativas é que um anúncio formal seja feita até sábado, data para que Trump tome uma decisão sobre as recomendações do Departamento do Comércio para proteger a indústria automobilística dos EUA das importações com base em segurança nacional, acrescentaram as autoridades.
Um porta-voz da Casa Branca recusou-se a comentar.
O governo elaborou um documento para adiar formalmente a decisão sobre as tarifas. A Reuters informou na semana passada que as montadoras esperavam que Trump adiasse a decisão, enquanto as negociações continuam com a União Europeia e o Japão.
A General Motors (NYSE:GM), Volkswagen, Toyota e outras fabricantes alertaram anteriormente sobre os impactos negativos de impor tarifas de até 25 por cento sobre carros importados e autopeças.
A Casa Branca realizou uma série de reuniões de alto nível sobre o assunto nos últimos dias e autoridades do governo disseram repetidamente às montadoras que planejam adiar a decisão.
Em fevereiro, o Departamento de Comércio apresentou seu relatório de segurança nacional "Seção 232" à Casa Branca. A agência estava investigando se importações abalaram a segurança nacional dos EUA ao enfraquecer a capacidade das montadoras de investir em tecnologias futuras. As recomendações específicas do Departamento de Comércio não foram reveladas.
Uma série de anúncios pela General Motors na semana passada de investimentos de 700 milhões de dólares em três fábricas de Ohio e esforços para vender a já desativada planta de Lordstown deixaram Trump mais inclinado a adiar as tarifas, disseram autoridades do governo à Reuters na semana passada.
Ao mesmo tempo, Trump intensificou sua guerra comercial com a China, elevando acentuadamente as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em bens chineses e abrindo consultas públicas sobre as importações chinesas remanescentes, equivalente a cerca de 300 bilhões de dólares.
As tarifas sobre automóveis enfrentam ampla oposição no Congresso. A Casa Branca se recusou a entregar o relatório do Departamento de Comércio ao senador republicano Chuck Grassley, presidente do Comitê Financeiro do Senado, que tem pedido para vê-lo.
Na semana passada, 159 deputados, liderados pela vice-presidente do Comitê de Meios e Recursos, Terri Sewell, escreveram ao diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, para pedi-lo a aconselhar Trump contra "impor restrições comerciais que possam abalar o setor automobilístico e a economia norte-americana".
(Por David Shepardson)