Por David Chance e Tetsushi Kajimoto
WASHINGTON/TÓQUIO (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que seu país só voltará à Parceria Transpacífico, acordo comercial multinacional do qual seu governo se desligou no ano passado, se esta oferecer termos "substancialmente melhores" do que aqueles propostos em negociações anteriores.
Ele fez tais comentários no Twitter na noite de quinta-feira, poucas horas depois de surpreender indicando que os EUA podem voltar ao pacto histórico em meio a um aumento da volatilidade nos mercados financeiros decorrente do choque entre Washington e a China em uma disputa comercial acirrada.
Mais cedo na quinta-feira Trump havia dito a senadores republicanos que pediu ao representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, e ao conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, para retomarem as negociações.
Em seu tuíte, publicado durante o horário comercial asiático, Trump disse que os EUA "só se filiarão ao TPP se o acordo for substancialmente melhor do que o acordo oferecido ao presidente Obama".
"Já temos acordos BILATERAIS com seis das onze nações do TPP e estamos trabalhando para fechar um acordo com a maior destas nações, o Japão, que vem nos prejudicando no comércio há anos!"
Nesta sexta-feira, formuladores de política da região Ásia-Pacífico reagiram à possibilidade da volta de Washington ao pacto comercial com ceticismo.
"Se for verdade, eu o comemoraria", disse o ministro das Finanças japonês, Taro Aso, aos repórteres após uma reunião de gabinete nesta sexta-feira e antes do tuíte de Trump, acrescentando que os fatos terão que ser verificados.
Trump "é uma pessoa que pode mudar de temperamento, por isso pode dizer algo diferente no dia seguinte".
Falando após o tuíte presidencial, o primeiro-ministro da Austrália, Malcolm Turnbull, disse que seria "ótimo" se os EUA voltassem ao pacto, mas que duvida que isso aconteça.
"Certamente não estamos contando com isso", disse Turnbull aos repórteres em Adelaide.
O TPP, que hoje conta com 11 países, foi concebido para eliminar barreiras comerciais em algumas das economias que crescem mais rápido na região Ásia-Pacífico e como contraposição à influência econômica e diplomática crescente da China.
Trump, que se opôs a acordos comerciais multilaterais em sua campanha eleitoral em 2016 e classificou o TPP como um "acordo horrível", tirou os EUA do pacto no início de 2017.