Por Idrees Ali
WASHINGTON (Reuters) - A Casa Branca afirmou neste domingo que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está aberto a assinar a legislação que fortalece as sanções contra a Rússia, depois que os líderes do Senado e da Câmara dos Deputados dos EUA chegaram a um acordo sobre um projeto para endurecer as ações contra Moscou.
Democratas do Congresso disseram no sábado que fecharam um acordo com os republicanos que permite novas sanções visando a Rússia, o Irã e a Coreia do Norte, em um projeto de lei que limitaria qualquer tentativa de Trump de suspender as sanções contra Moscou.
Um funcionário da Casa Branca disse que a visão do governo Trump sobre a lei evoluiu após terem sido feitas mudanças, incluindo novas sanções à Coreia do Norte.
Trump tem enfrentado a resistência de parlamentares republicanos e democratas por sua promessa de buscar relações mais próximas com Moscou. Seu governo está sendo assombrado por investigações de possíveis laços entre sua campanha de 2016 e a Rússia. Trump disse que sua campanha não conspirou com a Rússia.
Com o projeto de lei, republicanos e democratas estão buscando punir a Rússia pela anexação da Crimea da Ucrânia em 2014 e pela intromissão nas eleições presidenciais de 2016. Putin nega qualquer interferência no processo democrático dos EUA no ano passado.
Dois senadores dos EUA disseram acreditar que a legislação passaria com votos suficientes para derrubar um veto, caso o presidente republicano decida não assinar o projeto de lei.
Nas últimas semanas, funcionários do governo Trump se encontraram com legisladores para argumentar contra partes da versão do Senado do projeto de lei, incluindo o requisito para que Trump obtenha permissão do Congresso antes de aliviar as sanções.
"Nós apoiamos a lei como está e continuaremos trabalhando com a Câmara e o Senado para colocar as duras sanções contra a Rússia em vigor, até que a situação na Ucrânia seja totalmente resolvida e certamente não está agora", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, ao programa "This Week with George Stephanopoulos" da ABC.
Muitos parlamentares esperam que o projeto de lei envie uma mensagem para que Trump mantenha a linha dura com a Rússia.
"Acredito que o projeto de lei passará novamente no Senado e com uma maioria contra o veto", disse o senador John Thune, membro da liderança republicana, ao "Fox News Sunday".
O projeto de lei, conhecido por Ato para Conter Atividades de Desestabilização do Irã e que foi aprovado pelo Senado há um mês, ficou parado na Câmara dos Deputados depois que os republicanos propuseram incluir sanções contra a Coreia do Norte.
Em Bruxelas, a União Europeia soou o alarme em relação ao movimento dos Estados Unidos para intensificar as sanções contra a Rússia, pedindo para que Washington coordene com os parceiros do G7.
A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, advertiu sobre o surgimento de consequências "amplas e indiscriminadas" não desejadas, notadamente nos esforços da UE para reduzir sua dependência energética da Rússia.
CONGRESSO PRONTO PARA VOTAR
Anthony Scaramucci, o novo diretor de Comunicação de Trump, disse que o presidente norte-americano ainda não decidiu se assinará o projeto de lei.
"Meu palpite é ... que ele vai tomar essa decisão em breve ", disse Scaramucci à rede CNN.
A Câmara deve votar o projeto na terça-feira.
A legislação vai exigir que o presidente apresente ao Congresso um relatório sobre as ações propostas e que "alterariam significativamente" a política dos EUA em relação à Rússia, incluindo a redução das sanções ou a devolução de propriedades diplomáticas em Maryland e Nova York, desocupadas em dezembro por ordem do ex-presidente Barack Obama.
O Congresso teria pelo menos 30 dias para realizar audiências e depois votar para defender ou rejeitar as mudanças propostas por Trump nas sanções.