Por Robin Emmott e Philip Blenkinsop
BRUXELAS (Reuters) - Tensões relacionadas ao comércio, investimentos e direitos de minorias estão impedindo a China e a União Europeia de acertarem uma declaração conjunta para uma cúpula da próxima semana, disseram várias fontes de Bruxelas nesta sexta-feira, minando uma investida europeia para ter mais acesso aos mercados chineses.
No mês passado, alarmados com um possível domínio chinês sobre indústrias europeias estratégicas, líderes da UE procuraram se preparar para a cúpula de 9 de abril –alardeada como uma oportunidade para consolidar laços bilaterais– combinando o que disseram ser uma postura mais assertiva com Pequim.
Pela convenção diplomática, comunicados conjuntos são emitidos na conclusão de cúpulas bilaterais importantes para formalizar diretrizes.
Donald Tusk, chefe do Conselho Europeu, recomendou a rejeição do comunicado em sua forma atual, segundo uma fonte da UE. A China não satisfez as esperanças do bloco de abrir seus mercados, nem se comprometeu seriamente com reformas das regras comerciais globais.
De acordo com um esboço inicial apresentado pela UE e visto pela Reuters, a China estaria obrigada a finalizar conversas sobre um acordo de investimentos e a se comprometer a retirar o que bloco diz serem barreiras comerciais injustas.
A UE também quer mostrar aos Estados Unidos que o caminho da guerra comercial não é a única maneira de induzir a China a se abrir.
Mas autoridades chinesas retiraram ou mudaram muitas destas referências, disseram os diplomatas do bloco, criando a probabilidade constrangedora de não haver nenhum comunicado depois que o premiê chinês, Li Keqiang, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e Tusk tiverem se reunido.
Enviados de nações da UE, como Reino Unido, Alemanha e França, disseram que não poderiam apoiar o comunicado com as alterações da China, disse uma autoridade da UE.
O Ministério das Relações Exteriores chinês não estava disponível de imediato para comentar. O vice-chanceler, Wang Chao, disse aos repórteres nesta semana que os dois lados estão trabalhando para chegar a um consenso.
As negociações com os chineses continuarão até terça-feira.
A relação EUA-China, que envolve um comércio diário de 1,12 bilhão de dólares, sobreviveu a rusgas anteriores, notavelmente em 2016 e 2017, quando as diferenças sobre o Mar do Sul da China e o comércio impediram a emissão de comunicados.