Por Parisa Hafezi
DUBAI (Reuters) - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, acusou os Estados Unidos nesta sexta-feira de tentarem atiçar protestos contra o governo da República Islâmica impondo sanções que disse visarem a falência do país.
Os governantes clericais iranianos tentam evitar um ressurgimento das manifestações antigoverno que abalaram a nação nos últimos anos e que começaram com protestos contra as adversidades econômicas, mas foram politizados por manifestantes que exigem a saída de autoridades de alto escalão. As autoridades disseram que os protestos de rua serão tratados de maneira "decisiva".
"Seu objetivo de curto prazo (dos EUA) era deixar nosso povo tão irritado e cansado que ele se ergueria contra o sistema (governante)", disse Khamenei em um pronunciamento televisionado que marcou o feriado religioso muçulmano do Eid al-Adha.
"Seu objetivo de longo prazo é quebrar o país, o Estado, em outras palavras, causar um colapso econômico."
Além das sanções dos EUA, a economia do Irã foi abalada pela queda dos preços do petróleo e pela crise do coronavírus – o país tem uma das maiores taxas de mortalidade decorrentes da pandemia no Oriente Médio.
As relações entre Teerã e Washington se deterioraram desde 2018, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, abandonou o acordo nuclear firmado pelo Irã com seis potências em 2015, conforme o qual Teerã concordou em limitar seu programa nuclear em troca da suspensão da maioria das sanções internacionais.
Khamenei classificou os EUA como o "principal inimigo" do Irã e fez um apelo para que seus compatriotas a resistam à pressão norte-americana. Ele descartou negociações com Washington, dizendo que Trump usaria as conversas para fazer propaganda, como fez com o líder norte-coreano, Kim Jong Un.
"Na mesa de negociação, a América quer que abandonemos totalmente nossa indústria nuclear, reduzamos nossas capacidades de defesa e abdiquemos de nossa influência regional", disse.
Desde que rompeu com o acordo nuclear, Washington reativou sanções que reduziram acentuadamente as exportações petrolíferas de Teerã e adotou uma política de "pressão máxima" que visa forçar o Irã a negociar um pacto mais abrangente que limite mais suas atividades nucleares e encerre seu programa de mísseis e seu apoio a forças que atuam em seu nome em uma disputa de poder regional com árabes do Golfo Pérsico apoiados pelos EUA.