Por Philip Blenkinsop
BRUXELAS (Reuters) - Uma disputa entre a União Europeia, a Argentina e o Brasil sobre carne bovina pode estender as negociações para um acordo comercial entre o bloco europeu e o Mercosul para além do prazo no final do ano e levar a mais anos de atraso.
As negociações intermitentes entre a UE e o Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, já duram 17 anos.
Mas não está claro se o prazo para estabelecer um acordo sobre como cada mercado se abrirá ao outro até o fim de 2017 será atingido.
As conversas foram suspensas uma vez em 2004 e as autoridades dizem que perder a atual janela de oportunidade política pode levar a mais atrasos.
A mais recente rodada de conversas entre os negociadores, que aconteceu entre 6 e 10 de novembro em Brasília, nem mesmo tratou do acesso ao mercado, o principal ponto do acordo de comércio.
A carne bovina é o ponto mais problemático. Os países do Mercosul querem que seus produtores vendam mais carne na Europa para compensar um aumento nas importações industriais. Os países agrícolas da UE, como Irlanda e França, se preocupam com a possibilidade de perdas para seus produtores.
Ambos os lados dizem que gostariam de um acordo assinado durante a reunião da Organização Mundial do Comércio em Buenos Aires, entre 10 e 13 de dezembro.
"Nós queremos este acordo", disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, na última segunda-feira, após ter visitado os presidentes de Argentina e Brasil durante as negociações na semana anterior.
Uma autoridade do Mercosul disse que há uma chance de 50 por cento de cumprir o prazo. Mas ele acrescentou: "Ainda há muitas ameaças que podem tirar as negociações dos trilhos... Não é apenas a questão do conteúdo, mas também do momento".
O Brasil terá eleições ano que vem e não conseguir chegar a um acordo antes do início da campanha eleitoral pode fazer com que seja difícil concluí-lo.
"Ainda há trabalho a ser feito... Há uma janela de oportunidade que não vai muito além do Ano Novo", disse a chefe de comércio da UE, Cecilia Malmstrom, após uma reunião de ministros do Comércio da UE em Bruxelas mais cedo este mês.
(Por Philip Blenkinsop; reportagem adicional por Anthony Boadle e Roberto Samora)