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Usar reservas para abater dívida traz riscos e não ajuda a resolver crise, dizem especialistas

Publicado 15.03.2016, 14:25
© Reuters.  Usar reservas para abater dívida traz riscos e não ajuda a resolver crise, dizem especialistas

Por Camila Moreira e Patrícia Duarte

SÃO PAULO (Reuters) - Seria infrutífero usar as reservas internacionais para enfrentar a crise econômica no Brasil, como sinalizado pelo governo recentemente, segundo especialistas consultados pela Reuters, que apontam ainda que tal movimento acarretaria não apenas em aumento do descrédito no país como também teria consequências inflacionárias.

As reservas internacionais, hoje na casa de 370 bilhões de dólares, são consideradas um colchão de segurança em meio à rápida deterioração das contas públicas e mantêm o setor público brasileiro como credor líquido em moeda estrangeira.

"Se não tem pressão no mercado de câmbio, não faz sentido. Essa proposta não contribui para melhorar a credibilidade, ao contrário, aumentaria a incerteza e a insegurança dos agentes econômicos", afirmou o economista-chefe do Banco J.Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall.

Na segunda-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou que o governo da presidente Dilma Rousseff avalia usar as reservas internacionais para abater a dívida pública federal, negando a ideia de utilização para investimentos. O PT, partido da presidente, defende a ideia de sacar parte das reservas para estimular a atividade.

As reservas internacionais foram fortemente acumuladas pelo Banco Central, seu gestor, ao longo do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e são apontadas como um dos poucos indicadores econômicos positivos do país. Elas são usadas para controlar a liquidez no mercado de câmbio.

A avaliação é de que o Brasil ficaria vulnerável no caso de fuga de capitais ou de um ataque especulativo, algo não completamente descartado neste momento de intensa crise política e após o país ter perdido o selo de bom pagador pelas três principais agências de classificação de risco.

"Vai aumentar a desconfiança em relação ao Brasil. A consequência é que sobe juros, sobe dólar e podemos de novo chegar na hiperinflação da década de 1980", disse o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas, sobre o uso das reservas para abatimento da dívida.

Para ele, sem uma trajetória sustentável de dívida, que seria alcançada através do ajuste fiscal, usar as reservas para diminuir a dívida bruta não passaria de "queimar dólares". Hoje, a dívida bruta do país está em 67 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e avaliações indicam que ela pode ir a 80 por cento nos próximos anos.

Mesmo quem vê aspectos positivos desse uso das reservas, acredita que isso poderia ter efeitos nocivos.

O especialista em contas públicas e professor da PUC de São Paulo Waldemir Quadros acha que usar uma parte das reservas internacionais poderia "dar mais tempo" ao governo, ao reduzir o endividamento e, assim, aliviar os cofres públicos. Mas ele ressalta que, dependendo de como isso fosse feito, poderia gerar pressão inflacionária por conta do dinheiro que seria injetado na economia.

RESISTÊNCIA INTERNA

Dentro da atual equipe econômica, é praticamente unânime a posição contrária ao uso das reservas internacionais seja para abater dívida seja para ampliar investimentos, com o temor de que a confiança no país seja ainda mais abalada.

O tema é bastante delicado, devido ao cenário político conturbado que aumenta a pressão sobre a presidente para buscar soluções para reviver a economia em recessão.

"Não há estudo sobre isso", afirmou uma importante fonte da equipe econômica, que pediu anonimato, nesta terça-feira.

Em entrevista à Reuters na semana passada, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que o governo não tinha planos de usar as reservas internacionais, considerando importante mantê-las no patamar atual.

A utilização das reservas internacionais para outros fins, que não o mercado cambial, também poderia afetar o setor externo brasileiro, que tem se beneficiado com o dólar mais elevado. Para o ex-presidente do BC Gustavo Loyola, haveria "efeitos monetários complicados" e, por isso, acredita que haveria alta considerável no prêmio de risco do país.

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